Em Gaza, mais de 700 bebês nasceram e morreram no inferno
São mais de 40 mil mortos em Gaza, no conflito que começou há quase um ano. Mas, nesta segunda-feira, uma lista publicada pelo Ministério da Saúde palestino deixou na ONU e nas agências humanitárias um sentimento de constrangimento e náusea.
Trata-se da lista completa, com nome, sobrenome, data de nascimento e número de identidade dos mortos. Um total de 649 páginas.
O governo de Benjamin Netanyahu rejeita o número e insiste que uma parte substancial é composta por integrantes do Hamas e acusa os palestinos de não fazer a distinção, ao apresentar os números, entre a população civil e "terroristas".
O que chama a atenção, porém, é que as primeiras 14 páginas são preenchidas com os nomes de crianças de menos de um ano, mortas no conflito. Quatorze páginas inteiras de um atestado de óbito do sistema internacional. Mais de 700 nomes.
Já as últimas onze páginas são destinadas às vítimas que tinham entre 77 e 101 anos de idade. Palestinos que eram mais velhos que a decisão da ONU de criação do Estado de Israel.
Nesta semana, um embaixador na ONU me comentou que estava entrando para mais uma reunião do Conselho de Segurança e que, pelas contas de sua missão, seria a 100ª vez que o órgão máximo da entidade ouviria de uma delegação um apelo por um cessar-fogo imediato.
Para mais de 700 bebês, qualquer acordo chagará tarde demais. Nasceram para confirmar o que Huxley certa vez sugeriu: talvez este mundo seja o inferno de outro planeta.
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