Israel e Irã trocam acusações e ameaças na ONU; tensão deve continuar
A sala do Conselho de Segurança da ONU, nesta quarta-feira (2), foi testemunha de uma troca de acusações entre o governo do Irã e de Israel, um dia depois de Teerã lançar 181 mísseis. Os dois países ainda fizeram ameaças e indicaram que estão prontos a continuar o conflito.
"Estamos sob ataque", afirmou Danny Danon, embaixador de Israel. "Não se trata apenas de mais um ato de escalada militar. Trata-se de um ataque contra nossa existência, e o mundo assiste em silêncio", denunciou.
Danon afirmou que a ofensiva foi "o maior ataque" já recebido por Israel desde sua criação e comparou os atos aos bombardeios nazistas em Londres, na Segunda Guerra Mundial.
Nada no discurso do israelense indicou o fim de um conflito ou da aposta na vida militar. "Israel vai se defender. As consequências vão ser muito maiores que poderiam imaginar. O que vocês fariam se fossem atacados? Vamos responder com força", disse o diplomata, aos demais países no Conselho.
Segundo ele, "o tempo de complacência acabou". "São agressores e o mundo não pode mais ignorar isso", disse.
Danon pediu sanções contra os iranianos e que a Guarda Revolucionária, em Teerã, seja classificada como uma "organização terrorista". "Que o mundo entenda, Israel vai se defender", disse.
Irã anuncia que pode tomar novas ações "defensivas"
Instantes depois, foi a vez do embaixador do Irã na ONU, Amir Iravani, tomar a palavra. E, da mesma forma, ameaçar Tel Aviv. O diplomata deixou claro que qualquer nova ação contra o Irã será respondida. "Poderemos tomar medidas extras de defesa. Não iremos hesitar", prometeu.
"O regime (Israel) está levando a região para uma catástrofe sem precedentes", disse. Para ele, o Conselho de Segurança não pode ficar em silêncio e denuncia crimes de guerra por parte de Benjamin Netanyahu.
O iraniano ainda acusou os EUA de serem "cúmplices de um regime terrorista" e de fornecer as bombas que estão matando no Oriente Médio, além de vetar qualquer ação do Conselho de Segurança. "Israel não quer paz", disse.
O embaixador iraniano apresentou uma lista de todos os ataques realizados por Israel na região e contra líderes do Hezbollah e do Hamas. "Nossa ação foi dentro do princípio de autodefesa e resposta aos atos de agressão. Foi uma necessidade e proporcional para retomar o equilíbrio de poder", disse.
"Israel precisa entender que suas ações têm custos. Nós não tivemos opção contra um Estado terrorista", disse.
Já o governo do Líbano afirmou, no Conselho, que o Oriente Médio "está queimando por todos os lados". "Estamos sofrendo uma invasão, depois de uma ação bárbara em Gaza", disse a delegação libanesa por meio de seu representante, Hadi Hachem. "Israel viola todos os princípios internacionais", afirmou.
Para ele, apenas a presença de tropas internacionais da ONU na fronteira pode ser uma solução para a ameaça israelense. Beirute concordou com um cessar-fogo proposto por americanos e franceses. "Mas Israel rejeitou", disse.
"O Conselho de Segurança precisa evitar uma implosão do Oriente Médio. Estamos caminhando para uma guerra geral. Só a diplomacia pode solucionar", disse.
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