Milei barra avanço de direitos das mulheres no Mercosul e desmonta leis
Ler resumo da notícia
O governo de Javier Milei congelou a pauta de direitos das mulheres no Mercosul. Como presidente do bloco durante o primeiro semestre de 2025, cabe a ele a convocação de reuniões e estabelecer a agenda.
Fontes tanto do Paraguai como do governo brasileiro do mais alto escalão confirmaram ao UOL que, já entrando no quarto mês da presidência argentina, Buenos Aires não deu datas e nem indicou que irá realizar a Reunião de Ministras e Altas Autoridades da Mulher do Mercosul.
Trata-se do principal mecanismo de consultas na região sobre temas relacionados à mulher e gênero. Há 15 anos o grupo se reúne de maneira regular e os trabalhos atravessaram períodos de governos de direita, centro e esquerda.
Agora, o impasse chegou a fazer parte das conversas entre ministras de outros países. Mas, diplomaticamente, não há espaço para que um outro governo da região faça a convocação, passando por cima da presidência.
Já no final de 2024, o governo de Milei não enviou nenhuma representante para o encontro da aliança. A ausência gerou um sinal de alerta por parte da região, que já temia o desmonte da pauta sobre a presidência argentina no Mercosul.
Desde que chegou ao poder, o presidente desmantelou as principais políticas de gênero, promoveu a eliminação do Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade, e cortou recursos para programas de saúde sexual e apoio a vítimas de violência de gênero.
Seu ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona, anunciou em janeiro que o governo pretende promover uma reforma para eliminar o conceito legal de feminicídio. "Esta administração defende a igualdade perante a lei consagrada em nossa constituição nacional", escreveu Cúneo Libarona na rede social X. "Nenhuma vida vale mais do que outra", justificou.
O governo de Milei também tem adotado uma postura de rejeição à pauta nos organismos internacionais. Nesta semana, a Argentina não convocou nenhuma reunião dos países do Mercosul durante a Comissão sobre o Status da Mulher, o principal encontro da ONU sobre o tema. Entidades latino-americanas protestaram e alertaram sobre a atuação do governo argentino para minar os esforços da agenda de desenvolvimento das Nações Unidas.
No ano passado, Milei por pouco não causou um constrangimento ao Brasil na presidência do G20. Na declaração final da cúpula, em novembro no Rio de Janeiro, a delegação argentina decidiu colocar seu veto no texto. O motivo seria a linguagem adotada para tratar de gênero, considerada como inaceitável para o governo ultraconservador.
Negociadoras que participaram do processo relatam a ausência dos diplomatas argentinos durante toda a negociação. "Fomos surpreendidos com a atitude de tentar bloquear o texto", disse uma negociadora brasileira.
Para diplomatas, Milei já estava atuando em consonância com a pauta de Donald Trump, que definiu o fim de qualquer envolvimento dos EUA em debates sobre gênero na ONU, OMS e outros organismos internacionais.
A Casa Branca adotou uma ofensiva ultraconservadora, obrigando as agências estatais a abandonar programas de promoção da diversidade. Num documento obtido pelo UOL, o governo americano questionou todas as ongs que recebiam fundos estatais se as instituições trabalhavam com entidades "comunistas, socialistas ou feministas".
37 comentários
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.
Claudinei Bento Paulino
"Parabéns" a todas as MULHERES que votam e elegem esta Direita que as ODEIA e preferem HOMENS FARDADOS!
Adelson Paulo de Araújo
Obrigado Milei! Você e o Trump vão ajudar muito na reeleição do Lula em 2026.
Cláudio Pedro Areias
O PIB da Argentina foi ridículo, agora mais essa. Parabéns aos que votaram no Elvis Latino...