Jamil Chade

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Reportagem

Vaticano dá lugar de honra ao pobres no sepultamento: 'os verdadeiros VIP'

Foram cerca de 50 chefes de estado presentes no funeral do papa Francisco e um total de mais de 150 delegações de todo o mundo. Mas, desta vez, os verdadeiros convidados de honra foram os imigrantes, pobres, as pessoas sem-teto e refugiados.

O Vaticano definiu que, ao ser enterrado neste sábado, 40 pessoas que representam os mais vulneráveis da sociedade tiveram um local de destaque na cerimônia de adeus ao papa na Basílica de Santa Maria Maior. Entre os religiosos mais próximos de Francisco, o gesto é tanto um recado aos líderes mais poderosos do mundo como um ato de coerência do próprio pontificado. "Eles são os verdadeiros VIP", disse ao UOL uma fonte diplomática na Santa Sé.

De acordo com o Vaticano, "os pobres têm um lugar privilegiado no coração de Deus". "Assim também no coração e no Magistério do Santo Padre, que escolheu o nome Francisco para nunca se esquecer deles. Por esse motivo, um grupo de pessoas pobres e necessitadas estará presente nos degraus que levam à Basílica Papal de Santa Maria Maior para prestar sua última homenagem ao Papa Francisco antes do sepultamento do caixão", afirmou num comunicado.

De acordo com a Comunidade de Sant'Egidio, um movimento eclesial dedicado à justiça social, um grupo de pobres, migrantes e refugiados participará da missa.

Representantes dos mais vulneráveis na Basílica de Santa Maria Maior
Representantes dos mais vulneráveis na Basílica de Santa Maria Maior Imagem: Divulgação

Em uma declaração de 25 de abril, Sant'Egidio disse que as solenidades em homenagem ao papa contariam com "seu povo, começando com os pobres que o conheceram e o amaram durante o curso de seu pontificado".

Entre as 40 pessoas escolhidas estiveram refugiados que voltaram de Lesbos a bordo do avião papal com ele em 2016, bem como refugiados de um campo em Chipre que vieram para a Itália por meio de seu programa de corredores humanitários em 2021, após sua visita à Grécia e ao Chipre.

Em 2016, depois de fazer uma viagem para a ilha grega de Lesbos, ele levou 12 refugiados muçulmanos de volta com ele para Roma, incluindo seis crianças.

Pessoas sem-teto também estiveram presentes, incluindo muitos que encontraram acolhimento nas ações do papa.

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Quem são os convidados:

Um deles é um cidadão italiano de 74 anos de idade, sem-teto e que está abrigado em um centro da Caritas. A lista também conta com três refugiados: um turco curdo de 31 anos, um sudanês de 35 anos, e um refugiado curdo iraquiano de 23 anos. Duas pessoas divorciadas também fazem parte da lista.

No dia em que o conclave definiu o argentino como papa, ele ouviu de dom Claudio Hummes: "não se esqueça dos pobres". Ao longo dos doze anos de seu pontificado, Francisco se dedicou a aprofundar a doutrina social da Igreja, Ele organizou almoços com os sem-teto e os pobres em suas comemorações de aniversário, mandou instalar chuveiros para os mendigos de Roma e visitou detentos.

Dentro do caixão neste sábado, Francisco pediu que fosse enterrado com seus sapatos usados. Aqueles que caminharam para o encontro da Igreja com os pobres e os mais necessitados do planeta.

Em Roma, a decisão do Vaticano de dar destaque aos mais vulneráveis relembrou o caso do imperador romano Valeriano que, em 258, deu três para que São Lourenço reunisse as riquezas da igreja e entregasse, antes de ser executado.

São Lourenço apareceu conduzindo atrás de si as massas pobres da cidade. "Aqui estão os tesouros da Igreja", teria dito, de acordo com a lenda.

Reportagem

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14 comentários

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Marcos Fanuchi

A presença de pessoas vulneráveis e pobres. Foi digno do Vaticano, sendo a vontade do papa . E deveria ser proibido a presença destes políticos e o bando que eles levam junto. Uma corja de oportunistas que vão totalmente contra os pensamentos e ações do papa Francisco. 

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Vivaldi de Oliveira Filho

Diferente de bom esse Papa, e por isso incompreendido e atacado. Não sou católico, mas para mim foi uma satisfação muito grande de ter presenciado seu caminho feito com humildade, paz entre os povos, religiões e amor.  

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Galindo Hernandez

Dar atenção aos pobres ??? Vai ser a deixa para os bolsonaristas passaram a atacar o Papa Francisco. A começar por chamá-lo de "comunista", que era como a extrema direita se referia a Francisco. Já do Malafaia, Macedo, Everaldo, todos esses "pastores" p i l a n t r a s  bolsonaristas que em vez de dar comida, tira dinheiro dos pobres, desse eles gostam... 

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