Ideologia de morte e violência incentivada por PM é o fim da educação
As imagens de estudantes repetindo cantos de morte e violência que circularam nas redes são aterradoras e demostram que a ideologia de muitos colégios militares tem uma visão distorcida do que é educação. Uma visão secular e que vê o cidadão como um inimigo, e não como alguém que precisa ser protegido.
No vídeo, alunos do ensino fundamental do Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais, no sul de Tocantins, foram incentivados por policiais militares a cantar frases como "tu vai lembrar de mim. Sou 'taticano' maldito, e vou pegar você. Se eu não te matar, eu vou te prender".
Os alunos ainda eram incentivados a entoar outros trechos da canção como "vou invadir sua mente, não vou deixar tu dormir". "E nas infiltrações, você vai lembrar de mim", conclui.
Há uma certa idealização dos colégios militares, por vezes considerados como melhores e mais exigentes. De fato, em alguns casos, esses colégios têm tido bons resultados em vestibulares.
No entanto, o famoso "alto nível" também revela uma estrutura excludente e elitista, já que os alunos, na maioria das instituições, precisam passar por uma seleção rigorosa.
Muitas vezes, entra quem tem mais condições socioeconômicas para se preparar. Além disso, tanto os colégios militares quanto as escolas que adotaram o Programa Cívico-Militar, ainda no governo Bolsonaro, são minorias nas mais de 140 mil escolas públicas espalhadas pelo país. Ou seja, não refletem o que de fato representa a educação brasileira.
A ideologia de violência da PM não pode servir como fundamento pedagógico. É inaceitável que uma instituição de ensino promova discursos de ódio na formação de crianças e adolescentes.
O que, por outro lado, também confirma o que a sociedade brasileira já sabe sobre a segurança pública: o verdadeiro desapreço pelos direitos humanos, aliado ao despreparo que tem resultado no aumento de mortes em ações violentas nos últimos meses, como o que ocorreu com o estudante universitário Marco Aurelio Acosta, de 22 anos, na semana passada, após ser baleado durante uma abordagem policial em São Paulo.
Precisamos de uma polícia que siga protocolos de garantias para segurança e não de uma conduta que traga mais insegurança à população. Precisamos de escolas que não confundam disciplina com violência.
Precisamos de escolas que não propaguem doutrinas fascistas de ódio. E, definitivamente, precisamos de uma escola com menos militares e mais Paulo Freire, bell hooks, Florestan Fernandes e Milton Santos.
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