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Opinião

Em 3 meses, 'agrada Lira' custou R$ 15 bi a Lula

Virou condicionamento pavloviano: o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), reclama e, ato contínuo, o governo libera emendas parlamentares.

Durante o programa Análise da Notícia, o colunista do UOL José Roberto de Toledo destacou que isso aconteceu pelo menos cinco vezes nos últimos três meses e custou R$ 15 bilhões em execução de emendas ao orçamento da União.

Como assim, por exemplo? As cobaias de laboratório de Ivan Pavlov, ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina, aprenderam que toda vez que ouviam uma campainha, a comida chegava em seguida.

Com o tempo, começaram a salivar só de ouvir o sinal. Lira descobriu quais botões apertar para o governo soltar o dinheiro. O processo também envolve saliva, na forma de ameaças verbais antes de votações importantes.

E daí? Dos R$ 21,4 bilhões em emendas executados pelo governo Lula este ano, 70% foram liberados nos últimos três meses - justamente quando o presidente da Câmara aprendeu a manipular os mecanismos de compensação com mais eficiência, e o governo tinha mais a perder no Congresso.

O fluxo de liberações não foi contínuo. Foi aos trancos, em momentos-chave. A cada estímulo de Lira correspondeu uma ação compensatória, um agrado, pelo governo:

  • Em 31 de maio, Lira ameaçava deixar caducar a medida provisória que redesenhou a Esplanada dos Ministérios. Se não fosse votada, ministros perderiam os cargos e o governo se desmoralizaria. O governo liberou R$ 1,7 bilhão.
  • Em 6 de julho, o governo precisava aprovar a reforma tributária, prioridade do ministro Fernando Haddad para o ano. Foi a prestação: três liberações bilionárias nos dias 4,5 e 7 de julho totalizaram R$ 8,6 bilhões em emendas.
  • Em 21 de julho, Lula recebeu Lira no Palácio da Alvorada para discutir quanto custaria o apoio do bloco partidário do presidente da Câmara, o Arenão. Como adiantamento, o governo liberou R$ 939 milhões em emendas no mesmo dia.
  • Em 31 de julho, véspera de retomada dos trabalhos legislativos, Lira foi ao Roda Viva na TC Cultura e ameaçou: "Nunca aceitarei a criminalização das emendas". Queixou-se também da perseguição pela Polícia Federal. Dois dias depois, em 2 de agosto, o governo liberou R$ 1,4 bilhão.
  • Entre 14 e 24 de agosto, Lula postergou uma reforma ministerial para acomodar representantes do Arenão. Lira ensaiou boicotar projetos de interesse do governo, simulou um atrito com Haddad. O governo liberou um total de R$ 2,2 bilhões em oito parcelas diárias - a mais recente, em 24 de agosto, de R$ 812 milhões.

Faltam quatro meses e R$ 15 bilhões em emendas parlamentares para o governo liberar até o final do ano. Desde 2019, as emendas de deputados e senadores ao orçamento são impositivas, precisam ser executadas obrigatoriamente até 31 de dezembro. Ao governo, restam dois mecanismos de barganha com o Congresso: o momento e o volume da liberação das verbas. É o que Lula vem fazendo, em doses pavlovianas, com Lira. Quando acabarem, restará ao governo ceder mais cargos e ministérios.

*Colaborou Luiz Fernando Toledo

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

62 comentários

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Dawerson Cavalheri Chiodetto

Lula o câncer do Brasil 

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Osmar Lopes da Silva

Acho, só acho que o mensalão voltou!!

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Adelson Franco de Lima

CUSTOU AO MOLUSCO NÃO , CUSTOU AO POVO BRASILEIRO QUE SOFRE PRA MANTER ESTA ELITE SUGANDO AS TETAS DA NAÇÃO.

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