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Opinião

Enquanto o crime se organiza, a polícia se descontrola

Cinco homens foram mortos ontem (26) durante uma ação policial em Acajutiba, na Bahia, e ao menos 50 pessoas morreram no estado em confrontos com a PM-BA só no mês de setembro. Durante o programa Análise da Notícia, o colunista do UOL José Roberto de Toledo afirmou que facções criminosas estão se organizando na Bahia, enquanto a polícia se descontrola e causa um aumento da taxa de letalidade policial.

Enquanto o crime se organiza, a polícia se descontrola. José Roberto de Toledo

Letalidade policial disparou na Bahia. O atual Ministro da Casa Civil, Rui Costa, se elegeu governador da Bahia pela primeira vez em 2014 e se reelegeu em 2018. Durante seus mandatos entre os anos de 2015 e 2022, a morte de civis pela PM da Bahia aumentou 314%. O aumento é três vezes maior do que o aumento da média nacional, uma vez que em todo o país o aumento da letalidade policial foi de 93% no mesmo período.

Bahia possui um dos recordes de mortes por policiais em um único ano. Enquanto 354 pessoas foram mortas pela PM-BA no ano de 2015, o número de vítimas saltou para 1464 em 2022. Esse é o terceiro maior número de mortes causadas pela polícia em um estado em único ano, ficando atrás apenas de São Paulo, onde a polícia fez 1470 vítimas em 1992, ano do massacre do Carandiru, e do Rio de Janeiro, onde a polícia matou 1814 pessoas no ano de 2019.

Número de mortes na Bahia é subestimado. O número de ao menos 50 mortes causadas por policiais na Bahia durante o mês de setembro é subestimado. No ano passado foram 1464 mortes, o que daria uma média de 122 mortes por mês. Portanto, 50 mortes é um número abaixo da média e, se somadas as mortes causadas por policiais fora de operações policiais, o número é muito maior.

Crime está se organizando na Bahia. O crime organizado está se organizando na Bahia e entrando para o interior do estado, onde há uma guerra de pelo menos oito facções criminosas disputando espaço e o poder. Além disso, há dois importantes portos para o tráfico internacional de drogas na Bahia, em Salvador e Ilhéus, então há uma disputa das facções pelo controle de um dos negócios mais lucrativos do Brasil.

Política de estado chancela atuação violenta da polícia. Enquanto há um espalhamento do crime por diversas regiões também falta inteligência para a polícia, que tem sua ação violenta chancelada por uma política de estado. O aumento de 314% da letalidade policial entre 2015 e 2022 na Bahia não é coincidência, é fruto de uma política instituída por Rui Costa e herdada pelo atual governador Jerônimo Rodrigues (PT).

Governadores não tem coragem para frear violência policial. As polícias estão se tornando cada vez mais autônomas e hoje são quase independentes. Ao mesmo tempo, nenhum governador tem coragem para frear a violência e a letalidade policial. Além disso, o Governo Federal também não possui nenhuma política de segurança para melhorar essa situação.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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