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Bolsonaro enxerga sessão do TSE como uma 'declaração de guerra' contra ele
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Bolsonaro reagiu mal às decisões tomadas pelo Tribunal Superior Eleitoral na terça-feira. Numa única sessão plenária, a Corte proibiu o porte de armas nas seções eleitorais, concluiu que o presidente propagou notícias falsas sobre o sistema eleitoral e multou uma cooperativa por financiar propaganda pró-reeleição. Em privado, Bolsonaro disse ter interpretado esse lote de julgamentos como uma "declaração de guerra."
O presidente ficou aborrecido no atacado e enfurecido com o varejo das observações contidas num voto do ministro Ricardo Lewandowski. Relator do processo que distanciou as armas das urnas, Lewandowski mencionou em seu voto o episódio da invasão do Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, por simpatizantes de Donald Trump.
Chamado reservadamente por Bolsonaro de "lulista", Lewandowski sustentou que "são alarmantes os números concernentes à quantidade de armas de fogo em posse da população". Sem mencionar o nome do seu alvo, declarou que os governantes deveriam "evitar discursos ou falas que fomentem a polarização".
Num instante em que as Forças Armadas reivindicam o papel de inspetor de urnas eletrônicas, Lewandowski classificou as eleições como uma "solenidade cívica, presidida por autoridades civis. A certa altura, o ministro soou como se quisesse pisar nos calos de Bolsonaro sem tocá-los.
Lewandowski disse coisas assim: "Armas e votos são elementos que não se misturam." Criticou "aqueles que, a pretexto de defender a democracia, acabam minando, propositalmente, os respectivos pilares [...]. Interditam o debate público e subvertem as instituições democráticas, acabando por fragilizar o próprio Estado de Direito que lhes assegura a liberdade de manifestação."
Noutro julgamento que azedou o humor de Bolsonaro, o plenário do TSE avalizou decisão do corregedor Mauro Campbell, que obrigou as plataformas de redes sociais e a TV Brasil a apagarem os vídeos da reunião em que Bolsonaro mentiu para embaixadores sobre urnas eletrônicas. Houve mais: os ministros impuseram multa de R$ 5 mil à Cooperativa dos Produtores Agropecuaristas do Paraíso e Região, que patrocinou outdoors em cidades do Mato Grosso do Sul com mensagens pró-Bolsonaro.
Ironicamente, o pavio de Bolsonaro voltou a acender num momento em que seu desafeto Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE, ergue uma bandeira branca na direção dos militares. Nesta quarta-feira, em conversa com o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, Moraes informou sobre a realização de "projeto piloto" que pode levar à incorporação de sugestão das Forças Armadas ao chamado "teste de integridade das urnas".
Os dissabores de Bolsonaro com o Judiciário dividem o staff da campanha de Bolsonaro. Um grupo considera natural que o presidente estimule seus devotos a saírem às ruas no dia 7 de Setembro para extravasar a insatisfação com o que chama de "perseguição" judicial.
Outra ala torce para que Bolsonaro contenha os seus ímpetos. Nesse bloco, prevalece o entendimento segundo o qual a implicância do presidente com as urnas e a troca de farpas com magistrados podem servir para encher as ruas de devotos, mas não levam votos às urnas.
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