Saúde presidencial exige boletins médicos com transparência total
Lula, 78, caiu no banheiro do Alvorada no sábado. Diz-se que estava acomodado num banco. Ainda não se sabe como foi ao chão estando sentado. Foi atendido no hospital Sírio-Libanês, em Brasília.
O boletim médico foi divulgado apenas no início da tarde de domingo. Tinha dois escassos parágrafos: num anotou-se que Lula teve "ferimento corto-contuso em região occipital"; noutro, informou-se que "foi orientado a evitar viagem aérea de longa distância, podendo exercer suas demais atividades". De resto, "permanece sob acompanhamento de equipe médica."
Em linguagem de gente, Lula sofreu um corte atrás da cabeça. Levou cinco pontos. Mas o hospital se absteve de informar. Teve que cancelar a decolagem para a Rússia, no domingo, porque, em casos assim, há o risco de sangramentos intracranianos pequenos se tornarem grandes. Daí o monitoramento médico.
Ao longo de todo o domingo, auxiliares de Lula esmeraram-se em atenuar os reflexos da queda. Em todas as versões, o paciente sofreu ferimento leve, incapaz de alterar-lhe a consciência ou a rotina. Participaria por videoconferência da reunião dos Brics, que começa na terça-feira. Despacharia normalmente no Planalto. Mas a agenda presidencial desta segunda-feira não foi divulgada.
Em entrevista à GloboNews, o médico Roberto Kalil disse que Lula "está bem". Mas terá que realizar "novos exames" durante a semana. "O trauma não foi pequeno", declarou. "Teve que dar ponto e tudo", esclareceu. Detectou-se, segundo Kalil, "uma pequena hemorragia cerebral na região frontotemporal do encéfalo".
Saúde de presidente não é coisa com a qual se deva especular. Para evitar dissabores, Lula e os doutores que o atendem deveriam disciplinar a divulgação das notícias. Sobre as questões médicas, falam os médicos —de preferência por meio de comunicados oficiais. Assessores e ministros falam sobre intercorrências administrativas, não sobre medicina. Todos devem evitar obscuridades, expressando-se com transparência absoluta.
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