Investigação da morte do delator do PCC já nasceu sob suspeição
Desde que tomou posse, em janeiro do ano passado, Tarcísio de Freitas trata as forças policiais de São Paulo como corporações acima de qualquer suspeita. O assassinado de Antônio Vinícius Gritzbach, o delator do PCC, mostrou que nada é mais suspeito do que uma conduta absolutamente irrepreensível.
Foram afastados de suas funções oito policiais militares. Faziam bico como guarda-costas privados de Vinícius Gritzbach, que operava lavanderia de dinheiro do PCC. Quatro deles fariam a segurança do delator na última sexta-feira, dia da execução. Alegaram que uma suposta falha mecânica no carro que os transportava impediu que chegassem a tempo de evitar o assassinato.
Vinícius Gritzbach celebrou acordo de delação com o Ministério Público paulista em abril. Além de clientes do PCC, acusou policiais civis de envolvimento com a facção criminosa. Denunciou agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais, o Deic; do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, o DHPP, e de dois distritos policiais da capital, o 24º e o 30º.
A força-tarefa formada na segunda-feira para investigar o crime é capitaneada por oficiais da PM e delegados da polícia civil. São duas as principais linhas de investigação. Numa, trabalha-se com a hipótese de execução a mando do PCC. Noutra, suspeita-se que o delator foi passado nas armas por policiais. A investigação já nasceu sob a marca da suspeição.
Se o Brasil fosse um país lógico, a execução do delator do PCC já teria sido federalizada. Primeiro porque não faz nexo que o aparato de segurança de São Paulo apure por pressão delinquências policiais que não foi capaz de detectar por obrigação. Segundo porque o crime aconteceu no Aeroporto Internacional de Guarulhos, área sob jurisdição da Polícia Federal.
O Ministério da Justiça optou pela abertura de um inquérito paralelo e independente. A Polícia Federal enviará para São Paulo mão de obra de outros estados. Alega-se que a força-tarefa paulista e os agentes federais compartilharão informações. Lorota. Potenciais adversários na disputa presidencial de 2026, Tarcísio de Freitas e Lula disputam nos bastidores a primazia na elucidação do crime. Por mal dos pecados, polarizou-se a investigação.
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