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Josmar Jozino

Touca e bebida deixam DNA de "Gianechini" em roubos a banco em São Paulo

Tiago Tadeu Faria ficou conhecido quando invadiu apuração de escolas de samba no Carnaval de SP - Reprodução/Instagram
Tiago Tadeu Faria ficou conhecido quando invadiu apuração de escolas de samba no Carnaval de SP Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

10/12/2020 04h02

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Confrontos de materiais genéticos indicam a presença de Tiago Ciro Tadeu Faria, 38, o "Gianechini" —apontado como um dos maiores ladrões de banco do país — em roubos a agências bancárias que causaram pânico, medo, mortes e destruição em cidades do interior de São Paulo e do Brasil.

Gianechini foi denunciado pelo MPE (Ministério Público Estadual) no último dia 4 pela participação em um desses roubos, realizado em 29 de julho deste ano na cidade de Botucatu (SP). Ele e outros três acusados já são considerados réus.

Mas, segundo a Justiça Federal e a Polícia Civil de São Paulo, Gianechini e seu bando vinham agindo em várias regiões do Brasil desde 2017 e a participação do assaltante em ao menos outros três roubos a banco já está comprovada. A defesa dele nega e diz que o cliente é inocente de todas as acusações.

Também chamado de "galã do Novo Cangaço", em referência às quadrilhas que sitiam cidades do Interior e explodem agências bancárias, Gianechini é acusado de comandar o roubo ao Banco do Brasil no município de Lajes, no Rio Grande do Norte, em 30 de janeiro de 2017.

O bando, formado por ao menos 10 homens, metralhou uma delegacia da Polícia Civil, cercou uma base da Polícia Militar e depois invadiu a agência. Os criminosos explodiram caixas eletrônicos e fugiram levando dinheiro.

O erro foi deixar no local a embalagem de uma bebida láctea. O assaltante havia sido condenado em 2005 por roubo. Na ocasião, o perfil genético dele foi inserido em um banco de dados da Superintendência da Polícia Científica de São Paulo.

Touca também deixou rastro genético

Os dados estaduais são integrados ao Banco Nacional de Perfis Genéticos. Peritos federais e estaduais analisaram as amostras de saliva colhidas na embalagem da bebida láctea. O laudo técnico, concluído no dia 20 de julho deste ano pelo Instituto de Criminalística de São Paulo apontou que o material analisado é compatível com o perfil genético de Gianechini.

Os peritos também analisaram amostras em uma touca do tipo balaclava apreendida na cena do roubo à agência da Caixa Econômica Federal de Bauru (SP), em 5 de setembro de 2018. O resultado dos exames foi coincidente para o perfil genético dele.

A Polícia Civil de São Paulo reuniu mais provas materiais contra o "galã do Novo Cangaço" no roubo de ao menos R$ 50 milhões — segundo policiais — do SERET (Serviço Regional de Tesouraria) do Banco do Brasil em Ourinhos (SP), em maio deste amo, e de R$ 2 milhões em Botucatu (SP), dois meses depois.

Policiais apuraram que em ambas as ações Gianechini utilizou cilindros de oxigênio e respiradores de um mesmo lote comprados em São Paulo. As investigações apontaram que o material foi adquirido por um amigo de infância dele.

200 kg de explosivos armazenados

Em 20 de julho deste ano, policiais civis apreenderam 200 kg de explosivos no bairro do Limão, zona norte de São Paulo. Testemunha revelou que os artefatos, usados em explosões de caixas eletrônicos, foram deixados na residência por Gianechini.

Tiago Ciro Tadeu Faria ficou conhecido na mídia em 2012, quando estava no sambódromo do Anhembi e invadiu a apuração do desfile de escolas de samba. Integrante da Império da Casa Verde, ele rasgou as notas dos jurados do carnaval paulistano.

Rodrigo Feitosa Lopes, advogado dele, disse que seu cliente é inocente, não pertence a organização criminosa, não tem envolvimento com apreensão de explosivos, não participou de nenhum assalto e, portanto, não poderia estar em cena de crime.

O advogado informou que no dia do roubo em Ourinhos, o cliente chegou em casa por volta de 2h e que câmeras de segurança registraram tudo isso. Segundo o defensor, no assalto em Botucatu Gianechini estava na Mooca, zona leste de São Paulo, e que há vídeo de celular comprovando essa versão.

Em relação às provas genéticas, Lopes disse que elas estão incorretas. Afirmou que vai provar a inocência do cliente, acrescentando que após o episódio no sambódromo, a vida de "Gianechini" virou um inferno e ele passou a ser perseguido por policiais civis corruptos. Ele foi preso em setembro deste ano e está na Penitenciária 1 de Avaré (SP).