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Tribunal de Justiça do Ceará manda soltar piloto de helicóptero do PCC
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O Tribunal de Justiça do Ceará mandou soltar na sexta-feira passada o piloto de helicóptero Felipe Ramos Morais 34, acusado de envolvimento nos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca. Ambos eram da alta cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital) e foram mortos a tiros em fevereiro de 2018 na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará.
Segundo fontes ouvidas pelo UOL, Morais foi solto por motivo de doença, mas a enfermidade não foi informada. Desde 2018, o piloto brigava na Justiça pela liberdade por ter colaborado com a Polícia Federal e o Ministério Público do Ceará nas investigações sobre o duplo homicídio.
Morais também fez acordo de delação premiada com a PF e revelou todo o esquema do maior braço financeiro do PCC, responsável pela lavagem de dinheiro da facção criminosa. Graças às informações dele, a PF deflagrou a Operação "Reis do Crime", no ano passado, e prendeu todos os envolvidos no branqueamento de capitais da organização.
Foi Morais quem conduziu Gegê do Mangue e Paca para a morte a bordo de um helicóptero. Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, um narcotraficante do PCC, também estava na aeronave. O piloto fez um pouso em uma aldeia indígena, na região de Aquiraz.
Outros comparsas de Cabelo Duro já o aguardavam naquele local. Gegê do Mangue e Paca foram retirados do helicóptero e acabaram mortos a tiros. Uma semana depois, Cabelo Duro foi assassinado a tiros de fuzil no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo.
Ameaçado de morte pelo PCC, Morais resolveu fazer delação premiada. Ele contou à PF que o helicóptero usado no crime no Ceará era de José Carlos Gonçalves, o Alemão, e de um sócio. Segundo Morais, a aeronave foi vendida posteriormente a Cabelo Duro.
Na delação premiada, Morais também revelou à PF que Alemão e Antônio Carlos Martins Vieira, o Tonhão, eram os chefes do maior braço financeiro do PCC. A Operação Reis do Crime foi deflagrada em 30 de setembro do ano passado e culminou com a prisão de 13 pessoas.
Os policiais federais confirmaram todas as informações repassadas por Morais. As investigações apontaram que o braço financeiro do PCC movimentou R$ 32 bilhões em quatro anos e lavou dinheiro utilizando um esquema articulado com 78 empresas, entre holdings, postos de combustíveis, revendedoras de veículos e autopeças.
As fontes disseram ao UOL que a decisão de libertar Morais teria de ser mantida em sigilo absoluto. O piloto continua sob ameaça do PCC e deve ser colocado no programa de proteção à testemunha.
O UOL telefonou na noite desta quinta-feira (22) para a mãe e advogada do piloto de helicóptero, Mariza Almeida Ramos Morais, mas ela não atendeu às ligações.
Morais estava recolhido na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. No dia 18 de setembro do ano passado, ele tentou se matar na prisão, como revelou reportagem dessa coluna.
O piloto alegou que tentou suicídio porque o acordo de delação premiada feito com o Ministério Público do Ceará, que lhe daria o benefício de responder ao processo do duplo homicídio em liberdade, não havia sido cumprido.
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