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SP: Justiça absolve quatro réus do PCC acusados de movimentar R$ 1 bilhão
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A Justiça absolveu na semana passada quatro integrantes do alto escalão do PCC (Primeiro Comando da Capital) acusados por associação à organização criminosa e lavagem de dinheiro. Três réus eram considerados foragidos e um está na Penitenciária Federal de Brasília.
O MP-SP (Ministério Público do estado de São Paulo) vai recorrer da decisão e sustenta que os réus e outros 16 comparsas movimentaram R$ 1 bilhão da facção criminosa, provenientes do tráfico de drogas, no período de janeiro de 2018 a julho de 2019.
A decisão é do juiz Thiago Baldani Gomes De Filippo, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital. Em janeiro, o magistrado já havia absolvido os réus Wagner Rodrigo dos Santos, 43, o Branquinho, e Patric Velinton Salomão, 41, o Forjado. Os processos envolvendo os demais acusados foram desmembrados e estão em andamento.
Dessa vez foram absolvidos Valdeci Alves dos Santos, 50, o Colorido; Sílvio Luiz Ferreira, 44, o Cebola; Edmilson de Menezes, 48, o Grilo; e Sérgio Luiz de Freitas Filho, 43, o Mijão.
Os quatro foram investigados durante a Operação Shark (Tubarão em inglês) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MP-SP, e acabaram identificados por apelidos mencionados em planilhas e em mensagens de telefones celulares apreendidos.
O serviço de inteligência da SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) ajudou a identificar os quatro acusados pelas alcunhas deles. O magistrado, no entanto, entendeu que não se pode afirmar com a segurança necessária para condenação que os réus têm esses apelidos.
Na sentença, o juiz diz em um dos trechos que "ignora-se a maneira pela qual a Secretaria Estadual da Administração Penitenciária chegou à conclusão de que os réus de fato ostentariam os vulgos que lhes são relacionados" e observa ainda que "eles não são os únicos que têm esses apelidos".
O magistrado expediu alvará de soltura para Valdeci Alves dos Santos. Colorido foi preso em 16 de abril deste ano em Salgueiro, Pernambuco, após permanecer quase sete anos foragido. Antes de ser capturado pela Polícia Rodoviária Federal, ele era considerado o número 2 do PCC nas ruas.
Dono de 56 ônibus
Por determinação judicial, também foram expedidos contramandados de prisão em favor de Cebola, Grilo e Mijão. Os três tiveram a prisão preventiva decretada durante a Operação Shark e continuaram foragidos. Mesmo na condição de fugitivo, Grilo participou de uma audiência virtual, de "forma clandestina", por meio de um usuário de nome "Rômulo Ruivo".
Cebola é considerado pelo MP-SP como uma das principais lideranças do PCC ainda em liberdade. Ele é apontado por policiais como dono de 56 ônibus da UPBUS Qualidade em Transportes S/A, empresa de ônibus da zona leste paulistana, que foi alvo de operação policial na semana passada.
Segundo o Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico), Cebola é um dos acionistas da UPBUs e parentes dele investiram R$ 247 mil na empresa. Agora ele é investigado em outro inquérito por lavagem de dinheiro.
Agentes do Gaeco apuraram que Grilo é cunhado de Roberto Soriano, 49, o Tiriça, tido como o segundo homem na hierarquia do PCC, abaixo apenas de Marco Willians Herbas Camacho, 54, o Marcola. Tiriça está preso na Penitenciária Federal de Brasília.
Bruno Ferullo, advogado de Valdeci e de Edmilson, disse que "lutou muito ao longo de quase três anos de instrução para provar a inocência de seus clientes". Segundo o defensor, "as acusações não se concretizaram e foram infundadas porque não houve liame que pudesse imputar coautoria ou coparticipação dos réus aos fatos a eles imputados.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Sílvio, o Cebola, e de Sérgio, o Mijão, mas publicará a versão dos defensores, na íntegra, assim que houver um posicionamento.
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