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Polícia investiga autoria de bilhete sobre ataques; PCC chama de fake news
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A SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) de São Paulo instaurou o Procedimento Disciplinar 149/2022 para apurar o envolvimento do preso Wesley Ferreira Sotero, de 27 anos, com ameaças de atentados contra autoridades públicas durante as eleições, que acontecem na semana que vem.
Segundo a pasta, às 10h do último dia 9, durante revista de rotina no Pavilhão A da Penitenciária 1 de Avaré, foi encontrado na cela 55, habitada por Wesley, um bilhete escondido entre os pertences dele com informações relacionadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
A mensagem, de acordo com a SAP, "faz menção a ações externas de grande gravidade" e cita os apelidos dos presidiários Robson Sampaio de Lima, 39 anos, o Tubarão, e Wagner Rodrigo dos Santos, 43, o Branquinho. Ambos também cumprem pena na P-1 de Avaré e são apontados como integrantes do PCC.
O bilhete fala em ataques a bases policiais, ao governo estadual, agentes penitenciários, juízes e promotores de Justiça. Diz ainda que os atentados devem afetar as eleições porque não vão ter mais comícios nem passeatas. Os ataques seriam em represália à permanência da liderança do PCC em presídios federais.
A notícia sobre a apreensão do bilhete foi divulgada em primeira mão na quinta-feira (22) pelo jornalista José Luiz Datena, no Brasil Urgente, exibido na Band. A SAP e o Palácio dos Bandeirantes afirmaram em notas enviadas à imprensa que a informação é verdadeira, e não fake news, como chegou a ser cogitado.
O Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), unidade de elite da Polícia Civil, sediada na zona norte paulistana, instaurou um inquérito para apurar o caso. O preso Wesley deve ser intimado para prestar depoimento nos próximos dias.
Fake news
O caso gerou grande polêmica ainda no dia 22, quando um "salve" (comunicado) do PCC também foi interceptado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), em vários presídios paulistas, desmentindo as notícias de que a facção iria promover ataques a bases policiais e autoridades públicas.
O "salve" foi divulgado primeiro no portal do Estadão, pelo repórter Marcelo Godoy. Representantes do Gaeco, subordinado ao Ministério Público, afirmam que a mensagem da facção criminosa também é verdadeira. Ela foi postada em grupos de WhatsApp formados por promotores, policiais, intelectuais, sociólogos, cineastas, escritores e jornalistas.
O comunicado do PCC diz que a facção não vai promover atentados, que não quer violência e tampouco derramamento de sangue. O "salve" afirma ainda que a situação dos líderes da organização criminosa recolhidos em presídios federais será resolvida dentro da lei.
Preso é isolado
A SAP informou que após a apreensão do bilhete, Wesley, conhecido também como Magrelo, foi isolado em cela disciplinar por medida cautelar. Não é a primeira vez que o preso é acusado de ser flagrado com mensagens contendo ameaças às autoridades ligadas às forças de segurança.
Em setembro de 2020, quando estava recolhido na penitenciária de Presidente Bernardes, agentes encontraram com Wesley um bilhete com ameaças ao promotor de Justiça Lincoln Gakiya. O preso foi condenado a 5 anos e 10 meses por associação à organização criminosa e pela ameaça.
Assim como Wesley, os presos Robson Sampaio de Lima e Wagner Rodrigo dos Santos, cujos apelidos foram mencionados no bilhete apreendido na P-1 de Avaré, segundo apurações da SAP, também devem ser intimados pelo Deic para depor.
Robson, Wagner e outros 18 réus foram denunciados pelo Ministério Público estadual pelos crimes de associação à organização criminosa e lavagem de dinheiro. Eles foram investigados durante a Operação Sharks (Tubarão, em inglês), deflagrada em setembro de 2020.
O alvo principal das investigações era justamente Robson, e a operação teve essa denominação em alusão ao apelido dele, Tubarão. Os réus foram acusados de movimentar R$ 1 bilhão do PCC no período de janeiro de 2018 a julho de 2019.
Wagner, o Branquinho, já foi julgado e absolvido das acusações, em janeiro deste ano, pelo juiz Thiago Baldani Gomes De Filippo, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital. O processo contra Robson continua tramitando.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Magrelo, Branquinho e Tubarão neste sábado (24), mas publicará na íntegra a versão dos defensores deles, se houver um posicionamento.
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