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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Grupo rival do PCC provoca onda de assassinatos e aterroriza Rio Claro (SP)

Rafael Freitas dos Santos, o Nariz Torto, postou fotos com fuzis - Reprodução
Rafael Freitas dos Santos, o Nariz Torto, postou fotos com fuzis Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

18/05/2023 04h00Atualizada em 14/06/2023 12h55

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Foi por um buraco no muro da mansão do condomínio onde morava em Ipeúna, região de Rio Claro (a 173 km de São Paulo), que o traficante de drogas Anderson Ricardo de Menezes, 48, o Magrelo ou Patrão, escapou de um cerco policial coordenado ontem pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo).

Magrelo é acusado de montar no interior paulista um grupo rival do PCC (Primeiro Comando da Capital). Segundo o MP-SP, a organização é mais estruturada, tem um poderio bélico superior à maior facção criminosa do país na região e usa fuzis para matar os inimigos.

A guerra entre os dois grupos pela hegemonia do tráfico de drogas deixou saldo de 33 assassinatos apenas no ano passado. Uma das vítimas foi o narcotraficante Juliano Gimenes Medina, 40, morto com ao menos 30 tiros em 8 de junho de 2022 em uma estrada vicinal de São Pedro.

Na manhã de ontem, o Núcleo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) de Piracicaba, subordinado ao MP-SP, deflagrou a Operação Oposição para desarticular a organização liderada por Magrelo.

Foram expedidos oito mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão. As autoridades prenderam cinco pessoas e apreenderam dinheiro, telefones celulares, armas e munição. A Justiça determinou ainda o sequestro de bens do grupo, no valor de R$ 12,5 milhões.

Como chegaram ao grupo de Magrelo

O Gaeco de Piracicaba e a Polícia Civil de Rio Claro chegaram ao bando de Magrelo ao investigar o assassinato do narcotraficante Medina. Ele era de Ponta Porã (MS) e foi apontado pelas autoridades como responsável por remessas de drogas do Paraguai para o Brasil.

Segundo as investigações, Medina foi assassinado por Rogério Rodrigo Graff de Oliveira, 31, conhecido como Apertadinho, e Willian Ribeiro de Lima Diez, 28, o Feio. Ambos foram alvos dos mandados de prisão preventiva na operação de ontem, mas já se encontravam presos.

Apertadinho foi detido no mesmo dia do assassinato de Medina. Policiais apreenderam com ele dois telefones celulares. A análise dos aparelhos levou as autoridades a identificar os demais integrantes da organização criminosa rival do PCC.

Willian Ribeiro de Lima Diez e Rogério Rodrigo Graff de Oliveira - Reprodução - Reprodução
Anderson Ricado de Menezes, o Magrelo (à esq.), e Willian Ribeiro de Lima Diez
Imagem: Reprodução

Poder de fogo

Também foram expedidos mandados de prisão preventiva contra Magrelo, o foragido; Carlos Euzébio Netto, 36, o Carlinhos; Allan Messias de Souza, 23; Daniel Henrique Costa Feliciano de Sousa; José Vagson dos Santos Júnior, 27, e Rafael Freitas dos Santos, 27, o Nariz Torto.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos acusados, mas publicará a versão dos defensores assim que houver uma manifestação. O MP-SP denunciou todos eles pelos crimes de organização criminosa e tráfico de drogas.

Fotos postadas nas redes sociais por Rafael, o Nariz Torto, dão uma ideia do poder de fogo dos rivais do PCC. Ele aparece em várias imagens portando fuzis. O bando usava esse tipo de arma para matar quem contrariasse os interesses do grupo.

No ano passado, a matança aterrorizou a população de Rio Claro e municípios vizinhos. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes em 2022 foi de 15,68, a maior da região. Em São Carlos, o índice foi de 12,01 e em Araraquara, de 4,12.