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Josmar Jozino

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Tatuagem entregou filho de PM suspeito e preso por morte de tenente em SP

Ricardo Boide, de 52 anos, foi torturado em casa antes de ser morto em Itapecerica da Serra (SP) - Reprodução/YouTube/TV Bandeirantes
Ricardo Boide, de 52 anos, foi torturado em casa antes de ser morto em Itapecerica da Serra (SP) Imagem: Reprodução/YouTube/TV Bandeirantes

Colunista do UOL

10/07/2023 04h00

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Erick Alencar Reif, 26, um dos quatro presos acusados de torturar, sequestrar e matar o tenente aposentado da Polícia Militar Ricardo Boide, 52, foi reconhecido por um parente da vítima graças a tatuagens no pescoço e no ombro. O crime ocorreu no último dia 4, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo,

O irmão dele, Alexandre Alencar Reif, 28, não teria usado máscara no dia do crime e foi reconhecido pela mesma testemunha com 100% de certeza. Ambos são filhos de um sargento reformado da PM, como divulgou esta coluna ontem.

Erick negou envolvimento no crime, ao ser ouvido pelo delegado titular de Embu das Artes, Pedro Buk, responsável pela prisão da quadrilha, mas contou que ficou preso durante dois anos por roubo. A coluna apurou que ele foi condenado a 8 anos e 10 meses e saiu da prisão em fevereiro deste ano.

Os irmãos foram presos em casa, no dia 5, em Embu das Artes, por investigadores da equipe de Pedro Buk. Segundo policiais civis, Erick estava embriagado e deitado no quarto. Sob a cama, os agentes encontraram uma pistola 9 mm, preta, carregada de balas, roubada da casa do tenente.

Alexandre não tinha antecedentes criminais. Quando viu os investigadores se aproximando de sua casa, tentou pular o muro para fugir, mas acabou contido e algemado. Na delegacia, o suspeito se reservou ao direito de falar apenas em juízo.

Os suspeitos presos pela morte do tenente reformado - Reprodução - Reprodução
Os suspeitos presos pela morte do tenente reformado Ricardo Boide
Imagem: Reprodução

Outras prisões

No mesmo dia os agentes também prenderam Welington Aquino dos Santos, 35, o Salete, apontado pela Polícia Civil como o líder do bando e ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital), e o comparsa dele, Jhonatan Santos do Vale, 26.

Os dois também permaneceram em silêncio na delegacia.

Salete tentou fugir pelo telhado, mas também acabou detido. Ele carregava uma bolsa e uma mochila, onde foram encontrados carregador de pistola, drogas, diversas joias, como correntes e anéis de ouro, além da aliança de casamento da vítima, o tenente reformado Ricardo Boide.

Prisão preventiva

O magistrado Gustavo César Mazutti, do Juízo de Audiência de Custódias de Embu das Artes, converteu o flagrante dos quatro acusados em prisão preventiva. A quadrilha já era investigada por uma série de assaltos violentos praticados em Itapecerica da Serra e municípios vizinhos.

A morte do tenente aposentado teve grande repercussão e causou comoção. Os ladrões invadiram a casa dele e, quando encontraram a farda do oficial, passaram a torturá-lo com faca, cassetete, choques elétricos, socos e pontapés, porque ele era policial militar.

Os criminosos roubaram telefones celulares do PM e de familiares dele e transferiram ao menos R$ 100 mil das contas bancárias das vítimas, via Pix. As investigações apontaram que a quadrilha usava maquininhas adquiridas em nome de "laranjas".

Ricardo Boiade, sangrando no rosto e bastante machucado, foi colocado no Corsa vermelho da enteada e levado como refém. Policiais encontraram o corpo dele no dia 5, em uma estrada na área rural, distante 1,5 km da casa da vítima.

O tenente estava com as mãos amarradas e de bruços. O cadáver apresentava diversos ferimentos provocados por arma de fogo. Peritos apuraram que ele levou um tiro na cabeça.

Outro lado: a reportagem não conseguiu contato com os advogados de Erick, Alexandre e Welington, mas publicará a versão dos defensores de todos eles, caso haja manifestação.

A defesa de Jhonatan diz que "a Justiça é o local adequado para se tratar das acusações apresentadas contra ele". Segundo os defensores, "no devido tempo será demonstrado que o suspeito não tem ligação com o que foi veiculado pela mídia".

Os advogados sustentam ainda que "é sabido que o prejulgamento carreado pela imprensa é capaz de destruir a vida daquele a quem são atribuídos os fatos e, portanto, forçoso que respeitem Jhonatan e os seus e que a Justiça faça o seu trabalho".