Josmar Jozino

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Reportagem

Justiça solta médico acusado de facilitar homicídio em hospital no Guarujá

A Justiça mandou soltar o médico Alexandre Pedroso Ribeiro, 55, acusado de guardar 63 kg de cocaína em um condomínio no Guarujá (SP) e de facilitar o assassinato de um paciente em um hospital na mesma cidade, a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Ribeiro estava preso na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau (SP) e foi colocado em liberdade na última terça (21). Parentes do médico foram buscá-lo na unidade prisional. A defesa dele vem tentando provar à Justiça que o cliente é inimputável e não pode responder por seus atos.

A coluna não teve acesso à decisão judicial porque o processo tramita em sigilo, mas apurou que, no entendimento da Justiça, Ribeiro estaria acometido por enfermidade potencialmente grave, necessitando de tratamento medicamentoso controlado e psicoterápico.

A Promotoria de Justiça do Guarujá recorreu da decisão e sustenta que o médico faz parte do PCC, traficava drogas, atuava com o tribunal do crime da facção e "não poderia ter sido agraciado pela Justiça com tamanho presente".

A reportagem não conseguiu contato com os advogados do médico, mas o espaço está aberto para manifestações.

A defesa dele já havia pedido à Justiça a instauração de incidente de insanidade mental por entender que o cliente é dependente químico. O médico diz ter histórico de transtorno por uso de cocaína e ser viciado desde 2018, quando estava na Rússia a trabalho na Copa do Mundo Futebol e teve contato com a droga.

Prevista nos artigos 149 a 154 do CPP (Código de Processo Penal), a instauração do incidente de insanidade é permitida quando há dúvida sobre a saúde mental do acusado para apurar se à época dos fatos ele era ou não considerado inimputável.

Tribunal do crime

Ortopedista renomado e de família tradicional na Baixada Santista, Ribeiro foi preso em maio de 2022 por outra acusação: Facilitar o assassinato do paciente Gilianderson dos Santos, 37, dentro do Hospital Santo Amaro, no Guarujá, onde o médico trabalhava.

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Investigações policiais apontam que a vítima foi morta por integrantes do PCC também presos. Gilianderson havia escapado de outro atentado a tiros e por isso estava internado, em 24 de abril de 2022, quando dois motoqueiros chegaram ao hospital e abriram fogo.

O médico foi acusado por investigadores de ter agilizado a alta do paciente e facilitado a entrada dos assassinos, integrantes do "tribunal do crime" do PCC, no salão de traumas, onde a vítima foi morta com tiros disparados à queima-roupa. Câmeras de segurança registraram a ação dos criminosos.

De acordo com a Polícia Civil, Ribeiro também foi acusado de lavar dinheiro para os narcotraficantes André Oliveira Macedo, o André do Rap, foragido da Justiça, e Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, morto em fevereiro de 2018 em uma guerra interna do PCC.

Droga suficiente para abastecer a Baixada Santista

Em 13 de julho deste ano, a Justiça aceitou a denúncia por tráfico de drogas oferecida pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo) contra o médico. Segundo a Polícia Civil, eram dele os 63 kg de cocaína apreendidos em uma casa no luxuoso condomínio Jardim Acapulco, no Guarujá.

Na avaliação do MP, a cocaína apreendida na casa do acusado em outubro de 2021 foi avaliada em R$ 7,5 milhões, não era para consumo próprio e daria para abastecer o comércio de drogas em toda a Baixada Santista.

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