Josmar Jozino

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Reportagem

Marcola, espião russo e delegado estão em ala isolada em prisão de Brasília

Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), continua isolado em uma ala da Penitenciária Federal de Brasília (DF), onde também estão o espião russo Sergey Cherkasov, 38, e o delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, 54.

Os três estão em celas individuais e, segundo fontes ligadas ao sistema prisional federal, cada um deles, por motivos de segurança, quando toma banho de sol fica sozinho no pátio de uma das quatro vivências (Alfa, Beta, Charles e Delta), como são chamadas as alas do presídio.

A ala de isolamento da unidade é a mais temida dos prisioneiros. A maioria dos presos não quer permanecer trancada no setor. O interno fica isolado dos demais, sem nenhum contato. As conversas são apenas com familiares, no dia de visita, e com advogados, cujas audiências são previamente agendadas.

Fontes do sistema prisional disseram à reportagem que Marcola não tem contato nem com o irmão dele, Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, 52, recolhido em outra vivência. Júnior ou Marcolinha, como ele também é chamado, está em outra ala com um grupo de integrantes do PCC.

Marcola — acrescentaram as fontes — também não teve contato com seu comparsa Gilberto Aparecido dos Santos, 53, o Fuminho. Ambos são apontados pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) como parceiros leais e cumpriram pena juntos no sistema prisional paulista.

Em uma outra vivência estão recolhidos os novos inimigos do líder máximo do PCC: Roberto Soriano, 50, o Tiriça; Abel Pacheco de Andrade, 49, o Vida Loka; e Wanderson Nilton de Paula, 45, o Andinho. Os três foram expulsos da facção em fevereiro deste ano, como informou esta coluna.

Russo sofreu ameaças do PCC

Preso em Brasília desde novembro de 2022, o espião russo Sergey Vladimirovich Cherkasov, 38, chegou a sair para o banho de sol com outros presos do PCC, mas pediu à direção da unidade para ficar no isolamento por temer pela própria integridade física.

No dia 24 de fevereiro deste ano, ele contou à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão que durante o banho de sol, em 12 de abril do ano passado, circulou no presídio uma revista brasileira com reportagens sobre as acusações que ele responde.

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Segundo Sergey, presos do PCC tiveram acesso às informações e passaram a ameaçá-lo e a lhe pedir favores. O russo acrescentou que pediu isolamento e a unidade aceitou. Afirmou que no dia seguinte um interno amigo dele, cujo nome não foi revelado, sofreu grave ataque no pátio do banho de sol.

O russo respondeu processo por tráfico de drogas em seu país e teve o nome incluído na difusão vermelha da Interpol (Polícia Internacional) como procurado. Ele acabou preso na Holanda em abril de 2002, se passando por brasileiro e com documento falso em nome de Victor Muller Ferreira.

Sergey foi deportado para o Brasil e acabou condenado pela 5ª Vara Federal de Guarulhos, em 27 de junho de 2022, a uma pena de 15 anos pela acusação de ingressar no país por 15 vezes, durante os anos de 2012 e 2022, com documentos falsos em nome de Victor Muller Ferreira.

A Polícia Federal apurou que Sergey havia sido recrutado por militares russos e tentou infiltrá-lo como estagiário no Tribunal Internacional de Haia, na Holanda, para apurar as investigações contra a Rússia por possíveis crimes de guerra cometidos contra a Ucrânia.

Delegado também isolado

Já o delegado Rivaldo Barbosa, 54, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, está no isolamento em Brasília desde o mês passado. Ele foi preso pela Polícia Federal em 24 de março, assim como o deputado Chiquinho Brazão (sem partido) e o irmão Domingos Brazão.

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Os três são suspeitos de envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista dela Anderson Gomes, assassinados a tiros em março de 2018 no Rio de Janeiro. Segundo a PF, Rivaldo Barbosa ajudou a planejar o crime e atrapalhou as investigações do caso.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Marco Willians Herbas Camacho, Sergey Cherkasov e Rivaldo Barbosa neste fim de semana. O espaço continua aberto para manifestações.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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