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Salles irrita aliados com críticas a militares: '40 anos gastando os tubos'
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Um discurso do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) na Câmara dos Deputados na semana passada causou muita irritação em diferentes alas militares e até no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Salles criticou duramente os militares e defendeu não ampliar o orçamento das Forças Armadas.
"Não ampliemos o orçamento das Forças Armadas. Tenhamos, sim, o fim da GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e revoguemos o artigo 142", afirmou o deputado, citando uma parte da Constituição que trata do papel militar na garantia do Estado Democrático de Direito, mas tem sido usado por bolsonaristas para citar o Exército como uma espécie de Poder Moderador.
"São 40 anos gastando os tubos do contribuinte brasileiro, gastando dinheiro com submarino nuclear, satélite brasileiro e nunca chega ao destino. É um enterramento de dinheiro sem fim com essa obsessão de conteúdo nacional. Mentalidade da época do [general Ernesto] Geisel [presidente entre 1974 e 1979]. Não tem o menor sentido isso", continuou Salles. "Estamos gastando dinheiro com inimigos fictícios, míssil não sei de onde, bateria antiaérea para guerrear com quem?", completou.
O artigo 142 foi citado, de modo ilegal, por extremistas no ano passado para defender um golpe após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições. A norma prevê apenas que as Forças Armadas "são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".
Na visão dos bolsonaristas mais próximos do ex-presidente e do general Braga Netto, o deputado causou mais um atrito, espécie de "fogo amigo", em um momento difícil para Bolsonaro, que enfrenta uma série de investigações na Polícia Federal.
No PL, também foi avaliado que Salles complicou sua situação. Integrantes da legenda contam que ele já construía poucas pontes para garantir a possibilidade de disputar a Prefeitura de São Paulo, no ano que vem. O episódio de críticas aos militares teria piorado as condições para a candidatura.
Procurado pela coluna, o deputado disse que mantinha as críticas. "Não retiro uma linha do que eu disse. Chega desse faz de conta. A fala do general [Gustavo] Dutra escancara tudo isso. Além de seu evidente deslumbramento com Lula, mostra a covardia da sua emboscada sobre as pessoas no quartel-general."
O general era o comandante militar do Planalto no dia 8 de janeiro, quando houve a invasão às sedes dos três Poderes, e avaliou que as prisões dos acampados só deveria ser feita no dia seguinte para evitar violência. Em depoimento à CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal no último dia 18, ele elogiou a inteligência emocional do presidente Lula ao concordar com sua sugestão para aquele episódio.
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