Com depoimentos por fazer, Cid ainda esclarece dados sobre crimes para PF
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), ainda está prestando depoimentos para a PF (Polícia Federal) depois que fez um acordo de colaboração premiada que foi homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) no último sábado.
A coluna apurou com interlocutores que estão acompanhando os depoimentos que Cid ainda está fazendo esclarecimentos. O militar prestará declarações nos próximos dias para relatar todos os fatos que sabe já que, para validade do acordo, ele precisa admitir crimes e não pode omitir nenhum fato ou prova, além de relatar a participação de superiores hierárquicos.
A Revista Veja informou na quinta-feira (14) que Cid teria relatado na delação que entregou nas mãos do ex-presidente parte do dinheiro da venda de relógios de luxo recebidos como presentes de Estado.
Segundo a publicação, o dinheiro da venda dos relógios Rolex e Patek Philippe foi depositado na conta do general da reserva Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens, sacado e depois entregue diretamente para o ex-presidente em mãos. O valor seria de US$ 68 mil.
Na semana passada, a coluna revelou conversas que Cid manteve por WhatsApp com o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten. Ele também fez desabafos sobre o ex-chefe. Cid admitiu que se sentia sendo arrastado para a lama por causa de Bolsonaro.
No dia 4 de abril, Wajngarten enviou um texto do jornalista Ricardo Noblat que tinha o título "Bolsonaro arrasta com ele para a lama seus mais fiéis servidores". Ao ler a mensagem, Cid responde: "Não deixa de ser verdade".
As mensagens e imagens do celular de Cid foram obtidas com exclusividade pela coluna. Procurado, Wajngarten não quis comentar o teor dos diálogos. A defesa de Mauro Cid disse que "não tinha nada a declarar".
A mensagem foi enviada um dia antes do depoimento de Cid para a PF no inquérito que apura o desvio das joias sauditas presenteadas à Presidência da República. Na ocasião, 5 de abril, ele declarou que buscar presentes recebidos pelo então presidente era algo "normal", "corriqueiro", na Ajudância de Ordens da Presidência.
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