Parlamentares pressionam por depoimento de Braga Netto na CPI do 8/1
Parlamentares governistas pressionam o presidente da CPMI dos atos golpistas (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) de 8 de janeiro, o deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA), para marcar o depoimento do general da reserva Walter Braga Netto, ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL).
Como a CPMI acaba este mês, a ideia defendida por um grupo de deputados e senadores é que ele seja ouvido nesta quinta-feira (5). Essa já era a previsão até semana passada antes de Maia decidir cancelar o depoimento.
Parlamentares ouvidos pela coluna disseram que o cancelamento foi decidido na última sexta-feira (29) exclusivamente pelo presidente da CPMI sem consulta aos integrantes da comissão.
Maia, no entanto, marcou a oitiva do primeiro-sargento da Polícia Militar do Distrito Federal Beroaldo José de Freitas Júnior. Os parlamentares governistas vão tentar cancelar esse depoimento para ouvir Braga Netto conforme acordado anteriormente.
O PM Beroaldo foi agredido pelos extremistas. Ele estava na cúpula do Congresso Nacional no dia dos ataques aos prédios dos Três Poderes. Ele e a soldado Marcela da Silva Morais Pinno foram arremessados de uma altura de 3 m pelos extremistas. Depois do ataque, os dois foram promovidos pelo governo do DF (Distrito Federal) por ato de bravura.
Os parlamentares querem questionar Braga Netto sobre reuniões para discutir planos golpistas após as eleições. No acordo de colaboração premiada, o tenente-coronel Mauro Cid disse para a PF (Polícia Federal) que o ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma reunião com a cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para discutir a possibilidade de um golpe para não deixar a Presidência da República.
De acordo com o relato, Bolsonaro teria recebido do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para prender adversários e convocar novas eleições.
Braga Netto também deve ser questionado sobre a operação da PF, que apura irregularidades em contratos do gabinete de intervenção federal no Rio de Janeiro, chefiado pelo general, em 2018.
Em setembro, o UOL revelou que Braga Netto articulou, à época em que comandava o Ministério da Defesa, um mecanismo que driblou decisões do STF que barraram o orçamento secreto para continuar a distribuir verbas a aliados do centrão.
O governo Bolsonaro usou ao menos R$ 1 bilhão do caixa do Ministério da Defesa nos anos de 2021 e 2022 para irrigar aliados no Congresso. Os parlamentares beneficiados direcionaram as verbas a seus redutos eleitorais por meio do Calha Norte, programa que faz repasses para obras de infraestrutura no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
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