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Fechamento de consulado chinês no Texas é jogada eleitoral de Trump

Bandeira da China e dos EUA - ALY SONG
Bandeira da China e dos EUA Imagem: ALY SONG

Colunista do UOL

22/07/2020 11h07

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A ordem do Departamento de Estado norte-americano para o fechamento do consulado da China em Houston, no Texas, deve ser vista no contexto da nova estratégia eleitoral do presidente Donald Trump. Ele adotou uma medida dura de retaliação à China que busca agradar ao eleitorado de um dos estados que mais sofrem com recrudescimento da pandemia nos Estados Unidos.

Trump tem dito que a China "deixou o vírus escapar, o que nunca deveria ter acontecido". Esse discurso busca encontrar um bode expiatório para a reprovação da população à forma como o presidente conduz a resposta ao coronavírus.

Segundo pesquisa do jornal "Washington Post" e da rede de TV ABC, realizada no dia 15 deste mês, 60% dos entrevistados desaprovaram a ação de Trump na crise sanitária. Ele teve o apoio de apenas 38% — tinha 51% em 25 de março.

O Texas é um dos estados decisivos para um presidente obter a vitória no Colégio Eleitoral. Tem 38 dos 538 delegados. É preciso reunir, no mínimo, 270 votos no Colégio Eleitoral para conquistar a Casa Branca.

Houston é a cidade mais populosa do Texas. Com quase 6 milhões de habitantes, tem a quarta maior região metropolitana do país.

Nos últimos dez dias, morreram mais de mil pessoas no estado devido à covid-19. Cresce o número de internações. O governador republicano Greg Abott ordenou que os bares fechassem novamente.

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O Texas é um estado que vota tradicionalmente a favor dos republicanos. Com o crescimento do eleitorado latino, os democratas têm avançado aos poucos por lá. A pandemia derrubou a dianteira que Trump tinha nas pesquisas. Ele está numa situação de empate técnico com o democrata Joe Biden.

De acordo com o site "Real Clear Politics", Trump tem 45,4% de intenção de voto no estado, contra 45,2% de Biden, levando em conta a média de cinco pesquisas eleitorais recentes.

Segundo o Departamento de Estado, o consulado da China em Houston estaria envolvido em espionagem. Também teria havido tentativa de queima de documentos, um ato clássico de diplomatas em apuros.

Com essa narrativa, faz sentido político tentar mostrar ao eleitorado do Texas que o governo federal está tomando medida dura contra a China, apontada por Trump como "responsável" pelo agravamento da pandemia nos EUA, pois teria demorado a avisar as autoridades mundiais que o vírus estava se espalhando no país de forma preocupante.

Na semana passada, Trump trocou o seu coordenador de campanha. Ontem, adotou um tom mais realista em pronunciamento e entrevista de 30 minutos na sala de briefings da Casa Branca. Há uma nova estratégia eleitoral sendo aplicada.

As relações entre a China e os EUA estão tensas no momento, mas os chineses consideram que seria melhor a reeleição de Trump do que a vitória de Joe Biden. A escalada de declarações públicas de autoridades chinesas faz parte da diplomacia.

Uma pequena crise com a China seria um pequeno preço a pagar para quem está atrás de Biden nas pesquisas nacionais e precisa manter estados decisivos ao seu lado na eleição de 3 de novembro. Funciona como mais uma jogada de Trump para eleitor ver.