Bolsonaro comete maior erro diplomático ao não reconhecer vitória de Biden
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Não reconhecer a vitória de Joe Biden é o maior erro cometido até agora pela política externa do presidente Jair Bolsonaro. A diplomacia de Bolsonaro e do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) vem destruindo a imagem internacional do Brasil nos organismos internacionais e isolando o país no jogo geopolítico.
Bolsonaro e Araújo submetem os interesses nacionais do Brasil a uma mentira sustentada pelo presidente Donald Trump, a narrativa de que a eleição foi roubada. Com sua atitude irresponsável, Bolsonaro perdeu uma chance de reduzir o prejuízo dos erros que cometeu na eleição americana, na qual tomou abertamente partido de Trump.
Com a eleição de Biden, uma política externa séria já teria orientado o presidente brasileiro a cumprimentar o democrata eleito para comandar a maior potência do planeta. Mas a mistura de incompetência diplomática e cegueira política prevaleceu, com a inacreditável afirmação do vice-presidente Hamílton Mourão de que Bolsonaro vai aguardar os resultados da justiça americana.
Ora, as ações que Trump apresentou e apresentará carecem de provas. Não houve fraudes nas eleições americanas. O país não tem uma Justiça Eleitoral como o Brasil. Cada estado tem as suas regras eleitorais para votação e apuração. A organização e apuração são feitas nos condados, localmente. Pode demorar semanas ou meses para o fim das contestações. A posse de Biden será em 20 de janeiro.
Bolsonaro alinhou o Brasil a países autoritários, como China, Rússia e Coreia do Norte, que não reconheceram a vitória de Biden. Coloca o país ao lado do México, onde o presidente Andrés Manuel Lopez Obrador, um populista de esquerda, também decidiu negar a realidade.
Quanto mais demora a reconhecer a incontestável vitória de Biden, mais Bolsonaro prejudica os interesses brasileiros na relação com os Estados Unidos. Bolsonaro amplia dificuldades políticas para se relacionar com o governo Biden e dá mais motivos para uma reação dura da futura administração de Washington na área ambiental e nas questões econômicas do relacionamento bilateral. Araújo, que deveria se apressar em reduzir tensões, joga gasolina na fogueira.
Com complexo de vira-latas, Bolsonaro e Araújo apequenam o Brasil o tempo todo. Os dois já tinham conseguido a proeza de dinamitar as relações com a Argentina e a China. Fizeram o Brasil virar piada nos organismos internacionais. Agora fazem coro com a irresponsável e golpista tentativa de Trump de contestar uma eleição limpa. Haja incompetência.
Correção: a Arábia Saudita reconheceu a vitória de Biden, ao contrário do publicado na versão anterior deste texto.
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