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Kennedy Alencar

REPORTAGEM

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Exército dá aval a afronta de Bolsonaro a STF, que recua no caso Silveira

Colunista do UOL

03/05/2022 17h09

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O Alto do Comando do Exército deu respaldo ao presidente Jair Bolsonaro (PL) para comprar a briga com o Supremo Tribunal Federal a respeito da graça concedida ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). O aval militar levou o STF a recuar e decidir dar uma resposta moderada ao presidente: aceitará o perdão, mas manterá Silveira inelegível.

Houve divisão no STF a respeito da resposta a Bolsonaro. Prevaleceu o caminho intermediário, evitando resposta imediata e optando por reconhecer a prerrogativa constitucional de Bolsonaro. Uma ala queria derrubar a graça como um todo, mas o respaldo militar acuou o STF.

Esse aval explica a desenvoltura com a qual Bolsonaro voltou a atacar o STF, fazendo insinuações golpistas e lançando dúvida sobre a lisura da urna eletrônica.

Desde a redemocratização, não havia presença militar tão forte na cena política brasileira. No fim da ditadura, o general Leônidas Pires Gonçalves foi o principal avalista militar da redemocratização. Foi ministro do Exército entre 1985 e 1990 (governo Sarney) e um articulador importante da vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.

Desde o impeachment de 2016, os militares saíram da caserna e voltaram a tentar tutelar a vida civil. Em 2018, o então comandante do Exército, Eduardo Villas Boas, publicou tuítes para pressionar o STF a não libertar Lula, à época preso em Curitiba.

Com Bolsonaro, militares assumiram posições no Executivo e receberam benesses salariais e previdenciárias. Nos últimos três anos, foram frequentes notas e discursos golpistas de militares da ativa e da reserva. O próximo governo terá problema em colocar o gênio de volta na garrafa e restabelecer a supremacia do poder civil sobre o militar.

Banana Republic

Numa democracia, é uma cena absurda uma visita do ministro da Defesa ao presidente do STF. No entanto, isso aconteceu hoje em Brasília, quando Luiz Fux, presidente do Supremo, recebeu o ministro Paulo Sergio Nogueira. É uma cena típica de república de bananas.

  • Assista à íntegra do podcast O Radar Das Eleições, com Kennedy Alencar, Thaís Oyama, Carla Araújo e Fabíola Cidral: