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Ao prometer lealdade a Lula, Alckmin se afasta da "tentação do impeachment"
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No lançamento da chapa Lula-Alckmin, o discurso do candidato a vice-presidente foi melhor do que a fala do cabeça de chapa. O ex-governador tucano, hoje no PSB, atacou Bolsonaro, fez um apelo de união nacional e deixou claro que, se eleito, será um vice que não cederá à tentação do impeachment.
Alckmin disse que será um "parceiro leal" do ex-presidente Lula até que o seu "trabalho seja concluído". Com covid, o ex-governador não compareceu ao pré-lançamento da chapa Lula-Alckmin neste sábado, em São Paulo. Sete partidos apoiam a chapa: PT, PSB, PC do B, PSOL, Rede, PV e Solidariedade.
Alckmin repetiu um mantra de seus discursos recentes, o de adversários que abandonam as diferenças em "defesa da própria democracia". O ex-governador disse que, quando Lula lhe "estendeu a mão" [para ser vice], ele interpretou o gesto como "um verdadeiro chamado à razão".
Afirmou que o petista "é a única via da esperança pelo Brasil", numa crítica indireta aos articuladores da chamada terceira via. Segundo o ex-governador, votar em Lula seria a melhor escolha para o Brasil.
Alckmin fez um apelo para que outras forças políticas se unissem a Lula e ele nas eleições presidenciais. Mirou possíveis dissidentes do MDB, PSD e até do PSDB, partido ao qual pertencia antes de ingressar no PSB para ser vice na chapa de Lula.
O presidente Jair Bolsonaro também foi alvo de Alckmin, que, no seu entender, faz o governo mais "desastroso e cruel" da história do Brasil. Bolsonaro uniria a "ignorância" à "mentira". Bem-humorado, Alckmin disse que um prato que fará sucesso na campanha eleitoral será chuchu com lula, uma alusão ao apelido que recebeu na política.
O ex-presidente Lula optou por fazer um discurso lido, no qual listou pontos de um futuro governo. A fala morna e engessada teve o claro objetivo de evitar as gafes e improvisos que geraram dor de cabeça nas últimas semanas.
Aproveitando a brincadeira de Alckmin, Lula disse que o "prato predileto" em 2022 será chuchu com Lula. Voltou a afirmar que confiava na lealdade de Alckmin a ele e ao país —lançando uma vacina contra as desconfianças de que poderiam se desentender no governo porque foram adversários políticos.
Lula priorizou o mote de que o Brasil precisa restaurar a sua "soberania", palavra de pouco apelo popular que ele repetiu muitas vezes ao longo de seu discurso. O petista elencou os pontos de um futuro governo: política externa, educação, saúde, economia, combate à fome, saneamento básico, investimentos em infraestrutura, diversidade, cultura e por aí foi.
Ao falar de política externa, lembrou que Bolsonaro transformou o Brasil num pária global. Como Alckmin, o petista reservou palavras duras para Bolsonaro.
Perto do fim do discurso, Lula disse que não governaria movido por ódio e que seria necessário "diálogo" para reconstruir um país que está sendo destruído por Bolsonaro. O petista disse que o "fascismo" será "devolvido ao esgoto da história, de onde jamais deveria ter saído". Prometeu dar início a uma série de atos de campanha em viagens pelo Brasil e fez menção ao clima de ódio e intolerância no debate público cultivado por Bolsonaro.
"É proibido ter medo de provocação. É proibido ter medo de fake news", afirmou o petista, ao dizer que faria uma campanha de esperança para o povo "voltar a ser feliz" e "reconquistar a democracia".
"Nunca foi tão fácil escolher", afirmou Lula, numa referência irônica a um editorial do jornal "O Estado de S.Paulo" na campanha de 2018 que tratava o segundo turno entre Bolsonaro e Fernando Haddad como "uma escolha difícil". Segundo o petista, o Brasil precisa voltar a ser um país "normal", que tenha "calma e tranquilidade", ao contrário do que acontece no governo Bolsonaro.
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