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Kennedy Alencar

OPINIÃO

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Bolsonaro avaliza e estimula selvageria das polícias

O presidente Jair Bolsonaro e o governador do Rio, Cláudio Castro - Reprodução/ Twitter
O presidente Jair Bolsonaro e o governador do Rio, Cláudio Castro Imagem: Reprodução/ Twitter

Colunista do UOL

26/05/2022 12h09Atualizada em 26/05/2022 12h35

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Na área de segurança pública, o presidente Jair Bolsonaro age da mesma forma como na pandemia: oferece aos brasileiros a paz dos cemitérios.

Bolsonaro ficou incomodado com o carimbo de genocida ao lidar com a covid-19. Ora, quando elogia uma operação policial que resultou na segunda maior chacina da história do Rio de Janeiro, ele faz jus ao título.

A Vila Cruzeiro, na cidade do Rio, foi palco na madrugada desta terça para quarta-feira de um massacre policial que resultou na morte de 26 pessoas. A operação aconteceu em conjunto com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), instituição que foi capturada pela truculência bolsonarista. Moradores relataram a selvageria da operação, com morte a facadas e invasões de casa pela polícia.

Enquanto a PRF participava da chacina no Rio, dois policiais da corporação mataram ontem em Sergipe um homem ao improvisar uma câmara de gás dentro de uma viatura.

Numa ação que lembrou o assassinato de George Floyd nos Estados Unidos em 2020, Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, perdeu a vida após abordagem assassina de dois policiais rodoviários federais. Ele pilotava uma moto e carregava medicamentos para esquizofrenia.

Genivaldo e a maioria dos mortos na Vila Cruzeiro são negros e pobres.

No Brasil, é fato que a violência policial é um problema endêmico e crônico. Mas Bolsonaro elevou a licença para matar a um patamar jamais visto antes na história do país.

Temos um presidente que se comporta um genocida. Suas palavras e atitudes na área de segurança pública estimulam o guarda da esquina a agir no modo assassino. Bolsonaro avaliza a selvageria.

Candidato à reeleição, o presidente da República correu às redes sociais para elogiar o massacre na Vila Cruzeiro. O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), aprendiz de genocida, também usou a chacina para atrair o voto mais regressivo e reacionário para a sua candidatura à reeleição.

Assim como Bolsonaro faz com os brasileiros, Castro oferta aos fluminenses a paz dos cemitérios.

A eleição de outubro deve servir de oportunidade para discutir uma reforma civilizatória das polícias do país. Sem uma mudança de mentalidade e de ação, os massacres continuarão, infelizmente, a ser parte da paisagem. Que as urnas eletrônicas deem aos eleitores a oportunidade de remover esses obscurantistas selvagens dos principais postos de comando do Brasil.