Campos Neto se aproxima de Lula e Haddad para limpar imagem de bolsonarista
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se reuniu com o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na noite de ontem (27) e, na avaliação do colunista do UOL Kennedy Alencar, ele busca essa aproximação para limpar sua imagem.
Durante o programa Análise da Notícia, Kennedy afirmou que Campos Neto possui uma imagem muito vinculada ao bolsonarismo, inclusive, por ter votado usando uma camisa da seleção brasileira nas eleições de 2022, assim como os apoiadores do ex-presidente.
Campos Neto se aproxima de Lula e Haddad para limpar imagem de bolsonarista.
Kennedy Alencar
Campos Neto perdeu a narrativa sobre taxa básica de juros. O presidente do BC tenta uma aproximação com Lula e Haddad, sobretudo, para limpar sua imagem de bolsonarista. Além disso, Campos Neto perdeu a narrativa sobre a taxa básica de juros, a Selic. Lula começou seu governo atacando fortemente a Selic no patamar em que estava e Campos Neto esboçou uma reação, mas o Congresso e o empresariado também criticaram a taxa de juros e Campos Neto acabou perdendo o debate e se enfraquecendo. Agora, o Banco Central já está em um processo de redução da taxa de juros.
Campos Neto fez todo o jogo que Bolsonaro queria. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Campos Neto fez tudo aquilo que era desejo do ex-presidente. Ele subiu a taxa de juros ao longo do ano passado, em uma decisão afinada com Paulo Guedes, enquanto o ministro de Bolsonaro detonava a área fiscal do Brasil. Todo o rigor que Campos Neto cobrou de Lula e Haddad na área fiscal no início do ano, ele não cobrou de Paulo Guedes. Além disso elevou a taxa de juros para um patamar altíssimo e trouxe consequências para a economia.
Aproximação se deu primeiro com Gabriel Galípolo. Campos Neto se aproximou primeiro de Gabriel Galípolo, que foi secretário-executivo de Haddad na Fazenda e depois indicado para ser diretor de política monetária do Banco Central. A partir desse momento, Galípolo fez a ponte principal entre Campos Neto e Haddad, que inclusive fortalece o ministro da Fazenda por conseguir trazer o presidente do BC como um aliado para o governo, que inclusive votou pela redução da taxa básica de juros nas últimas reuniões.
Diálogo com presidente do BC é interessante para Lula. Campos Neto vai deixar a presidência do BC no final de 2024 e perdeu a guerra sobre a narrativa da taxa de juros, que já começou a cair. Mas independente da situação, é interessante para Lula ter um diálogo com o presidente do BC, que não foi indicado por ele e tem certa autonomia. Poder abrir esse diálogo é um ganho para a política monetária do país e para Lula.
Haddad convenceu Lula que era momento de falar com Campos Neto. Após a queda das taxas de juros, Haddad convenceu Lula que era um bom momento para dar um sinal de apaziguamento ao presidente do BC. Esse diálogo também é uma vitória para Haddad, que cada vez mais vai conquistando o mercado e ocupando um espaço que antes era de conservadores, reduzindo a possibilidade para candidatos de centro e centro-direita nas eleições de 2026 e se colocando como um possível nome forte para a disputa.
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