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Governo Lula vai iniciar operação de resgate dos brasileiros no Líbano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu nesta segunda-feira (30) que começará a operação de resgaste dos brasileiros que vivem no Líbano. A FAB (Força Aérea Brasileira) deve iniciar os voos nos próximos dias — provavelmente no final de semana.

O governo federal estima que serão repatriados cerca de 3 mil brasileiros. O número é o dobro dos resgatados em Israel e na Palestina no ano passado — quando 1.500 brasileiros foram retirados da região em 12 voos.

O planejamento inicial da Força Aérea Brasileira prevê a decolagem do aeroporto de Beirute. "A Embaixada no Líbano está tomando as providências necessárias para viabilizar a operação, em contato permanente com a comunidade brasileira e em estreita coordenação com as autoridades locais", informou o Itamaraty, em nota.

Ataques israelenses mataram ao menos 95 pessoas e feriram outras 172 no Líbano na segunda-feira (30), segundo o Ministério da Saúde.

A embaixada do Brasil no Líbano está questionando aos brasileiros se querem passar por um processo de evacuação (ajuda para chegar em um ponto fora do Líbano, de onde segue com recursos próprios, para uma capital europeia ou asiática, por exemplo) ou de repatriação (retorno para o Brasil).

Um primeiro filtro será feito para trazer ao Brasil os primeiros brasileiros resgatados. Há rumores de uma operação terrestre, com nível dos ataques se intensificando e também o temor de uma repetição do que aconteceu em Gaza.

Para o governo brasileiro, o que está acontecendo no Líbano viola a soberania do país e Israel não tem o direito de atacar da forma como está fazendo.

Governo condenou ataques, que mataram dois adolescentes brasileiros

Ao menos dois brasileiros já morreram em bombardeios no Líbano. Myrna Raef Nasser, de 16 anos, teve a casa bombardeada no último dia 23. A brasileira morava com o pai, que também foi vítima do bombardeio, a mãe e três irmãos. Ela tinha pouco mais de um ano quando deixou o Brasil. Myrna nasceu em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, mas se mudou para o Líbano com a família ainda muito nova.

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O brasileiro Ali Kamal Abdallah, 15, e seu pai, Kamal Abdallah, morreram por conta de um ataque aéreo na cidade de Kelya, a 30 quilômetros da capital Beirute. O menino nasceu em Foz do Iguaçu, no Paraná. Kamal não é cidadão brasileiro, e tem nacionalidade paraguaia.

O governo do Brasil condenou os ataques de Israel "contra zonas civis densamente povoadas" no Líbano.

Ao solidarizar-se com a família, o governo brasileiro reitera sua condenação, nos mais fortes termos, aos contínuos ataques aéreos israelenses contra zonas civis densamente povoadas no Líbano e renova seu apelo às partes envolvidas para que cessem imediatamente as hostilidades
Nota à imprensa

Na ONU, Lula criticou ataques israelenses. O presidente brasileiro criticou os ataques de Israel no Líbano durante o discurso na ONU. Já o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aproveitou seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, para alertar que o Líbano não pode ser a nova Faixa de Gaza.

O número de deslocados pelo conflito mais que dobrou. Mais de 250 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas no Líbano, segundo balanço da ONU (Organização das Nações Unidas). Destas, cerca de 200 mil foram alojadas em abrigos dentro do país e mais de 50 mil fugiram para a Síria. O governo converteu escolas e outras instalações em abrigos temporários, mas muitos estão dormindo nas ruas ou em praças públicas.

Israel x Hezbollah

Israel e Hezbollah têm se atacado desde o início da guerra em Gaza. Ambos sempre recuaram quando conflito parecia estar prestes a sair de controle. Recentemente, porém, Israel havia alertado sobre uma operação militar maior para interromper os ataques com origem no Líbano e permitir que centenas de milhares de israelenses refugiados retornem para suas casas.

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A fronteira entre Israel e Líbano é palco de ataques quase diários. Até 23 de setembro, os disparos haviam matado cerca de 600 pessoas no Líbano — a maioria combatentes do Hezbollah — e 50 militares e civis israelenses. Também forçaram centenas de milhares de pessoas que moram perto da fronteira a deixarem suas casas, tanto em Israel quanto no Líbano.

A crise aumentou após explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah. O que tem sido considerado como um ataque sem precedentes (assista abaixo) matou, ao todo, 37 pessoas — incluindo duas crianças — e deixou quase 3.000 feridos, segundo balanço do Ministério da Saúde libanês. As explosões foram um duro golpe para o Hezbollah, que culpou Israel e prometeu vingança.

Países já travaram uma guerra intensa de 34 dias em 2006. O conflito deixou mais de 1.200 mortos do lado libanês, a maioria civis, e cerca de 160 do lado israelense, a maioria soldados. "Israel [agora] quer aumentar a pressão sobre o Hezbollah e forçá-lo a repensar seu alinhamento com Gaza. A situação é muito perigosa, mas ainda há espaço para a diplomacia evitar o pior", disse à AFP o analista político Michael Horowitz.

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