Leonardo Sakamoto

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Reportagem

Comitê dos EUA que atacou Brasil é chefiado por aliado do golpismo de Trump

O Comitê de Assuntos Jurídicos da Câmara dos Estados Unidos, que divulgou relatório citando uma suposta censura à liberdade de expressão ao Brasil e criticando decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes, é presidida por Jim Jordan, deputado republicano apontado como fundamental nos esforços de Donald Trump para tentar subverter as eleições de 2020 pela própria Câmara.

O relatório final do Comitê da Câmara dos Deputados para investigar o ataque de seguidores de Trump ao Congresso dos EUA para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden, em 6 de janeiro de 2021, afirma, em sua página 141, que o republicano Jordan foi um "um ator significativo nos esforços do presidente Trump" para tentar virar a mesa.

Segundo o relatório, ele "participou de várias reuniões pós-eleitorais nas quais altos funcionários da Casa Branca, [o advogado de Trump] Rudolph Giuliani, e outros, discutiram estratégias para contestar a eleição, a principal delas afirmando que a eleição tinha sido contaminada por fraude".

No dia 2 de janeiro de 2021, quatro dias antes do ataque ao Congresso que terminou com cinco mortes e dezenas de prisões, Jordan coordenou uma teleconferência com Trump e outro congressistas para "discutir estratégias a fim de atrasar a sessão conjunta de 6 de janeiro" que certificou Biden como o vencedor.

Durante essa reunião, segundo o relatório do comitê criado pela Câmara, o grupo discutiu a divulgacão de postagens nas redes sociais para empurrar os apoiadores de Trump para "marcharem para o Congresso" no dia 6. Tal como no 8 de janeiro no Brasil, as publicações em redes foram consideradas fundamentais para os atos golpistas.

Logo após essa reunião, Trump e Jordan conversaram por telefone por 18 minutos. No dia da invasão ao Congresso, ambos conversaram por telefone, pelo menos, duas vezes. O deputado também recebeu ligações de Rudolph Giuliani.

"Nos dias que se seguiram ao 6 de janeiro, o deputado Jordan conversou com a equipe da Casa Branca sobre a perspectiva de conceder perdões presidenciais a membros do Congresso", afirma o relatório. Ou seja, buscava anistia para si e os colegas.

O comitê especial também pediu para que as recusas do deputado em testemunhar fossem avaliadas pelo Comitê de Ética.

Durante as eleições, Jordan acusou o Partido Democrata de "tentar roubar" as eleições e, no dia seguinte ao pleito, afirmou que algo estava errado na Pensilvânia, um dos estados que influenciaram na eleição de Biden. Ele também foi um dos parlamentares que votou pela anulação das eleições, posição derrotada no Congresso.

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Ex-campeão de luta-livre e eleito pelo Estado de Ohio, Jim Jordan é considerado um dos mais radicais apoiadores de Trump no Congresso dos Estados Unidos, tanto que recebeu apoio explícito deste para sua candidatura à Presidência da Câmara.

Contudo, mesmo em uma casa controlada pelos republicanos, ele não foi capaz de formar maioria após duas votações, não contando com o apoio de todos os membros de seu partido. Pesou contra ele métodos considerados agressivos e desleais pelos colegas.

Desde que se tornou congressista em 2007, Jordan não aprovou nenhum projeto de lei, de acordo com o Center for Effective Lawmaking, que o classifica como um dos legisladores menos eficazes da Câmara dos Deputados. Mesmo assim ele é apontado como recordista de aparições na Fox News, canal que se notabilizou por seu apoio ao trumpismo, entre todos os demais congressistas.

Em 2015, ele apoiou a "Emenda de Proteção ao Casamento", a fim de mudar a Constituição dos EUA definindo legalmente o casamento como uma união entre um homem e uma mulher. O projeto nunca foi para aprovado.

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