Lula vai 'biscoitar' nas eleições municipais após melhora nas pesquisas
A avaliação positiva do governo Lula subiu de 33% para 37%, segundo pesquisa Ipec (antiga Ibope), divulgada nesta quinta (11). Ela se soma ao levantamento da Genial/Quaest que ontem apontou uma evolução de 33% para 36%. Isso pode aumentar a força de Lula nas articulações para fechar as chapas visando à disputa municipal - além de melhorar (um pouquinho) seu poder de barganha no Congresso.
Como tenho dito aqui insistentemente, a força de um governo não depende apenas de indicadores econômicos, pois, como disse a saudosa Maria da Conceição Tavares, o povo não come PIB, mas alimentos. Lula conseguiu aumentar o Produto Interno Bruto e a renda média dos trabalhadores e reduzir a taxa de desemprego, mas nada adianta se isso não vier com a percepção de melhora na qualidade de vida. E, para tanto, o poder de compra é central. Arroz e feijão baratos, em suma.
A avaliação de que o preço dos alimentos parou de subir e começou a cair foi registrada pela Quaest. Destaquei na minha coluna e no UOL News ontem que, em agosto do ano passado, 37% avaliavam que o preço da comida nos mercados havia subido no último mês. A taxa chegou a 73% em fevereiro deste ano e ficou estável em maio. Agora, está em 70%. Enquanto isso, o total dos que avaliam que o poder de compra piorou de um ano para cá caiu de 67% para 63%, enquanto os que acham que melhorou oscilou de 19% para 21%. É pouco, mas o incômodo parou de crescer e começou a cair.
O poder de um governo está diretamente relacionado à sua popularidade. Há um naco grande da população, que não está polarizado entre lulistas e bolsonaristas, e que foi fundamental para eleição de Lula. Esse grupo, de comportamento pendular, pode tanto se conectar ao discurso de costumes e comportamentos de Jair, quanto às promessas de melhor qualidade de vida e conforto econômico de Luiz. O discurso do petista venceu a disputa em 2022, em um momento difícil para os brasileiros, que sofriam com as decisões equivocadas do governo anterior.
Mas esse grupo quer ver resultados, e tem pressa porque tem necessidade. A melhora na economia veio junto com o aumento nos preços (por exemplo, o arroz disparou mais de 30% nos últimos 12 meses segundo o IPCA, sem contar com impacto que ainda deve vir pela tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul). É como se a felicidade do trabalhador pelo aumento no salário desaparecesse no momento em que ele pagar os boletos e fazer suas compras. Com o freio no avanço dos preços, as coisas mudam.
Essa percepção na melhora da qualidade de vida, que começa a ser refletida nas pesquisas, melhora a força de Lula no processo eleitoral municipal. Até agosto, a política vai viver uma intensa costura de chapas e alianças. Um presidente que recupera parte de sua popularidade, principalmente junto à massa mais pobre, tem mais chance de emplacar.
Afinal de contas, atendendo a sua promessa de campanha, ele mantém a fidelidade do público que o elegeu e sua capacidade de transferir votos. A benção de Lula não transforma ninguém em santo sem bala na agulha (quando elegeu Dilma Rousseff, a economia voava em céu de brigadeiro). Agora, ele mostra que pode recuperar parte de seu poder de fogo. Mais que isso: aumenta a chance de ganhar like biscoitando por aí.