Leonardo Sakamoto

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Opinião

Cansaço do paulistano com eleição violenta praticamente congela Datafolha

Tal como a cadeirada de José Luís Datena em Pablo Marçal não alterou as intenções de voto na eleição paulistana, o soco do assessor de Marçal que tirou sangue do marqueteiro de Ricardo Nunes, no debate do Flow, nesta segunda (23), também não mudou a corrida. A população pode estar cansada da violência física e verbal que acaba ofuscando o debate de ideias. Ou passou a encarar o pleito apenas como entretenimento e ainda está pensando em quem expulsará da casa em 6 de outubro.

Pela terceira semana seguida, Nunes manteve 27%, Guilherme Boulos oscilou de 25% para 26% e, novamente, para 25%, Marçal marcou 19% por duas pesquisas e agora oscilou dentro da margem de erro para 21%, Tabata Amaral fez 8% por duas semanas e variou para 9% agora e José Luís Datena manteve os mesmos 6% nos três levantamentos.

A margem de erro nas pesquisas dos dias 12 e 19 de setembro era de três pontos, agora reduziu para dois. Isso significa que nada mudou nas intenções de voto. A rejeição a Marçal oscilou um ponto nessa margem, indo a 48%, enquanto Boulos manteve os 38% e Nunes, 21%.

O paulistano vive uma eleição que não é marcada pela disputa de posições ideológicas, muito menos pelo embate de propostas, mas por dedo no olho e gritaria.

No início, era Marçal acusando Tabata pela morte do pai, Boulos de ser usuário de cocaína, Datena de estuprador e ameaçando Nunes de prisão. A situação escalou, houve a cadeirada de Datena em Marçal e, depois, a porrada do assessor do influenciador. Este inundou a internet com vídeos produzidos de forma ilegal, que tiveram o efeito contido pela onipresente propaganda eleitoral de rádio e TV de Nunes.

Por enquanto, é possível afirmar que o prefeito vem se beneficiando de sua base de vereadores e da máquina estatal, além do latifúndio de inserções eleitorais; Boulos vai se mantendo como a cota de esquerda da capital, que costuma empurrar um nome para o segundo turno, mesmo que o apoio de Lula não esteja se traduzindo em votos; e Marçal demonstra resiliência — sua rejeição sobe, mas ele não cai.

Isso mostra que o bolsonarismo pode estar rachado entre Nunes e ele, mas o bolsonarismo-raiz, o pessoal que vê comunistas dentro de vacina e acha que o Brasil vive a ditadura de Alexandre I, o Moraes, fechou com o ex-coach e não abre.

A eleição de 2022 foi marcada por extrema violência em todo país, com uma fila de assassinatos políticos que começaram com a morte do petista Marcelo Arruda nas mãos do bolsonarista Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu. Uma população cansada e querendo voltar para a vida normal ainda teve que passar pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.

Quando esta eleição começou, e parte da violência se colocou de volta, setores não polarizados do eleitorado podem ter pego ranço do que veem como um grande teatro. E sem tempo para besteira, tocam suas vidas.

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Isso significa que deixarão para definir o voto para prefeito na véspera do primeiro turno, tal como sempre fizeram com o voto para vereadores. O cansaço hoje gera imobilismo, mas pode provocar surpresas na última hora. E isso deixa as equipes das três campanhas mais bem colocadas à base de remédio tarja preta para dormir. E quem se preocupa com a democracia à procura de ansiolítico.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL