Leonardo Sakamoto

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Opinião

Laudo fake de Marçal contra Boulos mira votos bolsonaristas de Nunes

Às vésperas da votação do primeiro turno em São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) divulgou, nesta sexta (4), um laudo médico falso apontando que Guilherme Boulos (PSOL) teve surto psicótico grave após usar cocaína. O ex-coach estava sendo cobrado por seus seguidores após não apresentar, durante o debate na TV Globo, o documento que prometeu comprovando o uso abusivo de drogas pelo deputado.

O ataque a Boulos (que já havia desarmado outras tentativas de Marçal de lhe imputar o uso de cocaína através de homônimos, distorcendo uma internação por depressão e até usando vídeos de notórios produtores de fake news) atinge o deputado, mas mira, na verdade, Ricardo Nunes (MDB).

Na semana passada, 43% dos eleitores de Bolsonaro em 2022 estavam com Marçal e 39% com Nunes. Agora, a vantagem cresceu e foi a 51% a 32%, segundo o Datafolha. O deputado do PSOL está apanhando com uma fake news para convencer eleitores de Nunes que Marçal é mais capaz não apenas de vencer Boulos no segundo turno, mas também de agir conforme a cartilha da extrema direita.

O presidente do MDB de Nunes, Baleia Rossi, disse à Folha de S.Paulo, que o coach rompeu os limites éticos. "Isso daí é uma coisa absolutamente fora da normalidade democrática", afirmou.

O uso da fake também pode afastar de Boulos votos de eleitores indecisos ou pouco decididos que ele busca nesta reta final. Vale lembrar que ele tem uma caminhada com Lula, neste sábado, na avenida Paulista

Tudo isso ocorre na noite em que Jair Bolsonaro (PL) reafirmou seu apoio a Nunes em uma live com o coronel Mello Araújo, candidato a vice na chapa do prefeito. Nela, o ex-presidente disse que eles são os únicos capazes de "derrotar a extrema esquerda" e cutucou Marçal. A ação do coach visou também a reduzir o impacto desse chamado.

O candidato do PRTB age dessa forma porque sabe que não terá sua candidatura impugnada, pelo menos não antes da votação. Apesar de direitos de respostas e suspensões de contas em redes sociais, ele teve liberdade de atacar, agredir e mentir livremente durante o primeiro turno. A falta de instituições que garantissem que operasse dentro dos padrões democráticos agora gera monstruosidades que podem manipular o resultado a dois dias da votação.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL