Valdemar Costa Neto vê risco de apoio a Brazão para campanhas para prefeito
De olho nas eleições municipais, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, vê um prejuízo maior do que um benefício se o partido apoiar a soltura do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).
A meta do partido é eleger mil prefeitos neste ano. A manutenção da prisão do deputado está sendo discutida na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça da Câmara) e a expectativa é que seja levada ao plenário ainda hoje.
Na noite de terça-feira (9), integrantes da legenda decidiram fechar questão para a não manutenção da prisão de Brazão —ou seja, o partido dá uma orientação e quem não seguir pode ser punido pela legenda.
No entanto, Valdemar passou a reconsiderar esse ponto na manhã desta quarta. Aliados disseram que a iniciativa pode tachar o PL como partido defensor de milicianos. Neste cenário, o primeiro prejudicado poderia ser o deputado Alexandre Ramagem, nome do partido para disputar a Prefeitura do Rio.
Vídeo de Bolsonaro
Deputados do PL cogitaram a possibilidade de pedir ao ex-presidente Jair Bolsonaro, principal expoente da legenda, para gravar um vídeo em defesa de Brazão.
Mas isso também foi desconsiderado porque o ex-presidente é o principal cabo eleitoral do partido e não poderia arriscar arranhar a imagem dele junto à opinião pública.
A missão ficou a cargo do 03, seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele publicou um vídeo nas redes sociais defendendo abertamente a soltura de Brazão.
Seu principal argumento é que a prisão atropela a Constituição porque os deputados só podem ser presos em flagrante de crime inafiançável. "O que menos importa na votação de hoje é a liberdade individual", diz o deputado.
Conforme a coluna antecipou, a paralisação da discussão na CCJ no fim de março foi um recado ao STF (Supremo Tribunal Federal), mais especificamente ao ministro Alexandre de Moraes, que tem sido o principal antagonista dos bolsonaristas.
"É dizer que o Alexandre de Moraes está acima do bem e do mal e fazer o que ele quiser", disse o deputado Domingos Sávio (PL-MG) durante a sessão desta quarta.
Crime inafiançável
Moraes determinou a prisão de Brazão com base em artigos da lei de organização criminosa.
O ministro entende que Brazão cometeu o crime de obstrução de justiça durante o mandato, portanto o flagrante teria sido continuado, apesar de Marielle ter sido assassinada em 2018.
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