Letícia Casado

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Reportagem

Primo de sócio de clínica que transmitiu HIV foi cotado para suceder Lira

O nome do deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ) esteve nas rodas de conversa ao longo do primeiro semestre como uma das possibilidades para suceder o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele é parente de dois dos três sócios do Laboratório PCS Saleme, cuja gestão está sendo investigada por suspeita de ser responsável pela contaminação por HIV de seis pacientes transplantados.

Um dos nomes do centrão em ascensão, Dr. Luizinho foi secretário de Saúde do Rio durante o processo de contratação do laboratório pelo poder público, entre janeiro e setembro de 2023. O acordo foi fechado em outubro. O deputado já foi citado também como potencial postulante ao governo do estado em 2026.

À coluna, Dr. Luizinho disse que "o caso é inadmissível" e que espera que os responsáveis sejam exemplarmente punidos "independentemente de quem sejam". Disse também que, do ponto de vista político, não se programou para qualquer candidatura futura. Médico de formação, ele está no segundo mandato como deputado federal.

"É muito triste ter minha história de vida pessoal, de dedicação por onde passei para que o paciente tivesse o melhor atendimento, associada a um gravíssimo caso como esse."

Ele também afirmou que sua missão hoje é "não ter o meu nome associado a esse crime". "Jamais na minha vida e trajetória, tratando com zelo e seriedade todos os assuntos desde que me formei, não poderia nem em pesadelo ter meu nome associado a um caso como esse."

Nome de consenso na Câmara

Ao longo do primeiro semestre, a discussão sobre o sucessor de Lira fragmentou diferentes grupos da Câmara por causa do presidente do Republicanos, Marcos Pereira. Ele insistia em ser candidato, mesmo com forte oposição de parte da bancada evangélica.

Esse cenário propiciou a discussão em torno de outros nomes. O de Dr. Luizinho foi um deles. Ele era apontado como alguém que promoveria consenso pela boa relação que mantém com colegas do Congresso.

O deputado foi citado em diversas conversas em Brasília como um potencial sucessor do presidente da Câmara. Não era um dos principais nomes da disputa justamente por pertencer ao partido de Arthur Lira, o que impediria a alternância de poder entre as legendas na Casa. Mas era apontado como uma alternativa que uniria diferentes forças da Câmara.

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Pereira retirou a candidatura no início de setembro e indicou o correligionário Hugo Motta (PB) —outro nome de "consenso", segundo os colegas— para disputar em seu lugar. No momento, outras duas candidaturas também estão no páreo: Elmar Nascimento (União-BA) e Antonio Brito (PSD-BA).

Parentes envolvidos no escândalo

Dr. Luizinho é primo de um dos sócios do laboratório, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira. Outro sócio do laboratório, Walter Vieira é casado com a tia do deputado federal.

Sua irmã, Débora Lúcia Teixeira Medina de Figueiredo, trabalha na Fundação Saúde, vinculada ao governo estadual e responsável pela escolha do laboratório, mostrou o jornal O Globo. A fundação é responsável por gerir as unidades da rede estadual.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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