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Madeleine Lacsko

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Para manter polarização, vale até o debate nonsense de livros contra armas

Colunista do UOL

01/07/2022 18h55

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Na Live UOL desta sexta-feira (01) comentei a declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele criticou a fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que afirmou ter a pretensão de transformar os clubes de tiro em bibliotecas caso seja eleito.

A declaração foi dada em sua live semanal, na qual o presidente celebrou números que mostram o aumento na quantidade de lojas de armas de fogo e de clubes de tiro no País, desde que ele assumiu o governo. Bolsonaro afirmou que as lojas de armas cresceram em 72% e os clubes de tiro, em 90%.

Ao declarar que prefere armas a livros, o presidente diz uma verdade, mas utiliza sua matemática rasa e simplista ao relacionar a quantidade de armas em circulação com o número de crimes. Esquece que existem inúmeras nuances sobre o tema, como a questão da impunidade, do registro das balas, de como se dá o acesso a essas armas e da própria beligerância da sociedade.

Além disso, não existe necessariamente uma oposição entre armas e livros. É uma falácia útil para o debate populista e uma forma muito eficiente de impedir que boas soluções sejam construídas. É dos livros que vem todo o arcabouço teórico, técnico e científico para que as pessoas possam discutir tanto a ideia de monopólio da violência quanto medidas envolvendo armas em si.

Em um país traumatizado pela pandemia e destroçado economicamente, criar e debater uma guerra de livros contra armas mostra o grau nonsense ao qual chegou o debate político atual.

Na edição da Live UOL de hoje falamos também sobre o quarto filho de Bolsonaro, Jair Renan, que revelou sofrer terror psicológico do pai e apanhar da mãe; e sobre as declarações de Lula e Bolsonaro sobre a aprovação no Senado da PEC que autoriza o uso de bilhões fora do teto de gastos, em ano eleitoral.

Ao lado de Felipe Moura Brasil, debato os principais assuntos do país diariamente, das 17h às 18h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter.