Cid e major do Exército organizaram e financiaram atos golpistas, diz PF
O major do Exército Rafael Martins de Oliveira, preso na manhã desta quinta-feira (8), articulou com Mauro Cid a organização e financiamento de manifestações golpistas em novembro de 2022 em Brasília, aponta a investigação da Polícia Federal (PF).
Em 11 de novembro de 2022, após o segundo turno das eleições, Rafael Martins pediu "orientações" a Mauro Cid sobre onde realizar manifestações e perguntou se as Forças Armadas garantiriam a permanência das pessoas no local.
Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, confirmou que os alvos das manifestações seriam o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal) e sinalizou que as tropas "garantiriam a segurança dos manifestantes". Logo depois, eles trocaram mensagens com convocações para as manifestações em 15 de novembro.
Em 14 de novembro, ainda segundo mensagens analisadas pela PF, Rafael Martins pediu R$ 100 mil para hotel, alimentação e material -- a suspeita é que a verba tenha servido para manifestantes do Rio de Janeiro levados a Brasília.
"O ajudante de ordens solicita que o mesmo faça estimativa de custos com Hotel, Alimentação e Material e pergunta se a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) é suficiente. RAFAEL responde que sim e é orientado por CID a trazer pessoas do Rio, provavelmente se referindo a cidade do Rio de Janeiro. No dia 15.11 .2022 (dia das manifestações), RAFAEL encaminha documento protegido com senha intitulado "Copa 2022" e informa que está "com as necessidades iniciais". Trecho da representação da PF citada na decisão de Moraes
"Justifica o envio do documento no WhatsApp pois a aplicativo UNI não estaria funcionando e orienta MAURO CID a apagar posteriormente, com o objetivo de suprimir as provas dos ilícitos praticados. CID novamente questiona sobre a estimativa do valor total ao que RAFAEL reitera a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil)." Trecho da representação da PF citada na decisão de Moraes
Para a Polícia Federal, os diálogos e outros elementos de informação revelam que Rafael Martins de Oliveira direcionou manifestantes para atacarem o Supremo e o Congresso Nacional e atuou para dar suporte financeiro e operacional aos atos antidemocráticos.
A PF enxerga também "novos indícios de arregimentação e utilização de integrante das Forças Especiais (FE) do Exército especializados em atuação em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis, para subverter o Estado Democrático de Direito."
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.