BC refuta tese de que está inerte e dólar recua após mudança de tom de Lula
O Banco Central refuta a tese de que está inerte diante da desvalorização do real. Técnicos da autoridade monetária com os quais a coluna conversou explicam que o BC vem fazendo intervenções diárias de R$ 800 milhões no mercado por meio de "swaps cambiais".
O "swap cambial" é um derivativo financeiro que permite à autoridade monetária ficar "vendida em dólar" e tentar ajustar o valor do real. O estoque total de swap do Banco Central hoje é de mais de US$ 100 bilhões - um nível historicamente alto.
Segundo a coluna apurou, a área técnica segue analisando "com lupa" a atual desvalorização do real e está com o "dedo no gatilho", observando os eventos mais recentes, e se seria o caso de atuar com ainda mais força.
Várias métricas são observadas: liquidez do mercado, descolamento dos modelos projetos pelo BC, e descolamento do desempenho dos demais emergentes. O real vem se desvalorizando mais que as moedas de outros países, mas a avaliação dos técnicos é que há fundamentos para isso e um deles seria as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que colocam em dúvida o compromisso fiscal do governo e a independência do próprio BC.
Nesta quarta-feira (3), Lula ajustou o tom e acalmou o mercado. Ao chegar no lançamento do Plano Safra em Brasília, o presidente afirmou que "gasta quando é necessário, mas que não joga dinheiro fora" e que a "responsabilidade fiscal é compromisso do governo". Nesta manhã, ele se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio do Alvorada. Os dois trataram sobre medidas de corte de gastos.
Ainda hoje, o presidente volta a participar de reunião da Junta de Execução Orçamentária, da qual fazem parte o titular da Fazenda, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. A expectativa em torno do ajuste fiscal fez o dólar recuar de forma expressiva pela primeira vez nos últimos dias. A moeda norte-americana fechou em queda de 1,71%, cotada a R$ 5,568.
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