Raquel Landim

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Opinião

Maduro cria ataque terrorista e teoria conspiratória para justificar fraude

O ditador Nicolás Maduro alegou um ataque terrorista ao sistema eleitoral da Venezuela para justificar a fraude nas eleições do país, que poderiam dar vitória à oposição.

Durante o anúncio dos resultados, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) disse que tinha sido vítima de um ataque hacker, que teria prejudicado a transmissão de dados.

O órgão, que é capitaneado pelo governo, classificou o ataque como "terrorista", mas não deu detalhes.

No mesmo pronunciamento, o CNE declarou o ditador como vencedor com 51% dos votos, contra 44% da oposição. Naquele momento, sempre segundo o CNE, 80% das urnas estavam apuradas, mas o resultado era "irreversível". Não há atualização de dados até a publicação deste texto.

Já como presidente declarado eleito pelo órgão, no seu primeiro discurso, Maduro falou em ataque hacker "massivo" e em "demônios".

"A Venezuela sofreu um ataque hoje à noite, um ataque hacker massivo no sistema de transmissão do CNE porque os demônios não querem que seja divulgado o resultado hoje. Já sabemos de que país veio, quem ordenou".

Não é difícil adivinhar a quais supostos "demônios" ele se refere. Nas suas fantasias, os demônios são sempre os Estados Unidos.

Para completar a teoria conspiratória que tenta justificar a fraude, o governo da Venezuela soltou uma nota de "denúncia" de uma operação de "intervenção contra o processo eleitoral, o direito a autodeterminação e a soberania da pátria".

Segundo o ditador, o grupo incluiria Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e República Dominicana.

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É muito provável que Maduro utilize esse suposto ataque hacker para esconder as atas de votação que comprovariam sua alegada vitória — ou então a vitória da oposição.

São essas atas que estão sendo cobradas por líderes democráticos do mundo inteiro, como o presidente chileno Gabriel Boric e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, enquanto ditadores como Vladimir Putin, da Rússia, cumprimentam Maduro pela vitória.

A tradição democrática brasileira é de aguardar em momentos tensos. O governo Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, tem um claro viés pró-Maduro.

O Itamaraty divulgou uma nota cobrando o governo venezuelano de divulgar os "dados desagregados por mesa de votação" e que isso é fundamental para a "legitimidade" do pleito.

O presidente Lula, no entanto, ainda não se manifestou. Ele vai ter que decidir claramente de que lado vai ficar. Ao lado daqueles que defendem a democracia ou passam pano para ditaduras que fraudam eleições?

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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