Raquel Landim

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Opinião

Marçal dribla regras mais duras e ataca adversários em debate sem proposta

As regras mais rígidas do debate da TV Gazeta e do canal Mynews não foram suficientes para conter o candidato do PRTB, Pablo Marçal.

Ele usou e abusou de técnicas de imagem para fazer memes e de provocações e apelidos para abalar o emocional dos seus adversários.

Em todas as divisões de tela para as respostas e réplicas com os demais candidatos, Marçal aproveitava para fazer o M, bem lentamente com as mãos.

Dessa forma, ele capturava o foco de quem estava assistindo. Era inescapável deixar de prestar atenção na resposta do outro candidato e, de quebra, Marçal ainda fazia sua propaganda. A TV Gazeta não cortou, nem alterou o formato.

Antes mesmo do debate acabar, o gesto já havia virado meme nas redes sociais de Marçal.

O candidato do PRTB iniciou o debate chamando Guilherme Boulos de "Boules", uma alusão a um evento de campanha do candidato do PSOL em que o Hino Nacional foi interpretado com linguagem neutra.

Ele repetiu o apelido o tempo todo - e ainda fingia que errava para frisar o momento.

Os apelidos, aliás, se tornaram o normal na boca de todos os candidatos. Numa cidade de 12 milhões de habitantes cheia de desafios, eles só se tratavam por "criminoso", "invasor", "bananinha", "garota", "ladrãozinho de creche".

Dessa vez, o candidato do PSDB, José Luiz Datena, foi quem mais ficou irritado com Marçal. Provocado pelo empresário, chegou a sair do púlpito depois de ouvir "vem cá, uai". A movimentação era proibida pelas regras.

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Marçal também se referia à carteira de trabalho que "estaria no seu bolso", alusão à briga anterior com Boulos, e fazia diversas menções ao que acontecia nos bastidores.

Seu mote era dizer que "você em casa não pode assistir, mas vou te contar", como se algo estivesse sendo escondido. As regras, dessa vez, não permitiam a filmagem por assessores.

Marçal apelou até para tentar associar a facção criminosa PCC, o Primeiro Comando da Capital, com patriotismo. Depois de várias denúncias envolvendo seus auxiliares com o PCC, Marçal sugeria que a sigla se referia a Patriotas Contra Comunistas.

A candidata do PSB, Tabata Amaral, foi a que mais enfrentou Marçal, despertando a curiosidade do público nas buscas do Google. Ela o chamou de "palhaço" e "criminoso".

Boulos seguiu apostando na estratégia de dizer que Marçal e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) são as duas faces do bolsonarismo - uma tática que, na prática, normaliza Marçal.

Já o prefeito Ricardo Nunes (MDB) mudou de foco e atacou duramente Marçal depois de cair nas pesquisas, que agora o apontam tecnicamente empatado com Boulos e Marçal, e do desembarque informal da família Bolsonaro.

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O fato não passou despercebido por nenhum dos adversários, inclusive Marçal que o provocou. "O marqueteiro mandou ele ir para cima de mim e ele ficou macho", disse o candidato do PRTB.

O resultado foi mais um debate repleto de ataques, sem nenhum nível, sem qualquer proposta.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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