Netanyahu ataca civis libaneses para não explicar revés com reféns em Gaza
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu abriu um novo front de guerra para não explicar seu fracasso em libertar os reféns presos pelo Hamas em Gaza e para ganhar tempo até as eleições americanas, na esperança de que Donald Trump vença o pleito.
Esse é um resumo do que está por trás dos ataques contra o território libanês nesta segunda-feira (23), os mais sangrentos desde a guerra entre Israel e Líbano em 2006, que resultou na morte de 1.200 pessoas e deixou 900 mil libaneses desabrigados.
Israel diz que está mirando apenas alvos militares do grupo terrorista Hezbollah para permitir que os habitantes do norte de seu país voltem para suas casas após mais de um ano de troca de tiros entre os dois lados.
Só que os fatos demonstram o contrário.
Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, pelo menos 182 pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas nos bombardeios de hoje. Entre as vítimas, estão crianças, mulheres e médicos, diz o comunicado do órgão.
Netanyahu, que já vinha bombardeando a capital, Beirute, ordenou ainda a explosão de centenas de walkie-talkies e pagers no Líbano, o que pode ser classificado como terrorismo. Foi um ataque indiscriminado, e a população civil não sabia de onde vinha o perigo. Portanto, está sob terror.
Para relembrar como começou apenas o capítulo mais recente dessa história.
Israel enfrentou um dos ataques mais vis que aos quais já assistimos em 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas entraram nas casas da população civil indefesa. Mataram, com requintes de crueldade, homens, mulheres, crianças e idosos. Estupraram jovens em uma festa. Fizeram centenas de reféns.
O governo israelense contra-atacou, e não poderia ter feito diferente.
Só que, desde então, o governo Netanyahu, já famoso por sua truculência, se perdeu.
É preciso reconhecer que é muito difícil lidar com o Hamas ou com o Hezbollah, grupos terroristas que utilizam seu próprio povo —inclusive, mulheres e crianças— como escudo. Só que Israel é um Estado democrático e precisa se guiar por essas regras.
Netanyahu transformou Gaza em ruínas, não conseguiu libertar os reféns e vem sendo cobrado por isso internamente. Precisa de uma nova guerra para manter a sustentação de seu governo. Para isso, tentar arrastar os americanos.
Foi o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados, John Kirby, que alertou que Israel tem "formas melhores" de assegurar que os cidadãos israelenses possam retornar para suas casas no norte do país "do que uma guerra, uma escalada, a abertura de um segundo front".
Netanyahu está ganhando tempo no aguardo da vitória de Trump, pois espera ter o apoio do republicano para se manter no poder. As eleições americanas estão marcadas para 5 de novembro.
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