Indicação política mancha trajetória de excelência do Brasil em transplante
O caso dos seis transplantados infectados por HIV no Rio de Janeiro chocou a comunidade médica brasileira.
"Isso é algo jamais imaginado dentro de um serviço tão bem estabelecido como o transplante de órgãos no Brasil", afirmou à coluna Jean Gorinchteyn, ex-secretário de Saúde do Estado de São Paulo.
A situação é ainda mais grave porque os pacientes transplantados recebem medicamentos imunossupressores, que reduzem seus mecanismos de defesas e os deixam ainda mais sensíveis ao HIV.
Especialistas ouvidos pela coluna afirmam que a segurança das etapas do processo de transplante é vital e que todas as indicações são que as testagens simplesmente não foram feitas da maneira correta pelo PCS-LAB, laboratório que está sendo investigado.
O laboratório foi contratado por R$ 11 milhões pela secretaria de Estado do Rio de Janeiro do governo Claudio Castro (PL) - dinheiro público.
Ex-presidente da Anvisa (Agência Brasileira de Vigilância Sanitária), Claudio Maierovitch, disse ao UOL News que a principal responsabilidade é da secretaria estadual e da vigilância de saúde estadual, que aprovaram e certificaram a contratação do laboratório.
Para os médicos, a secretária de Saúde do Rio de Janeiro precisa detalhar quais foram as suas motivações para fechar esse acordo com o PCS-Lab.
Reportagem do G1 mostrou que dois sócios do laboratório investigado são ligados ao deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ). Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira é primo do parlamentar, Walter Vieira é casado com a tia de Luizinho.
O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos e tecidos do mundo, garantido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que financia 80% dos procedimentos. Seus hospitais são referência no transplante de rim e fígado no mundo.
A fila do transplante é uma das poucas que se pode confiar no país.
É isso que está em risco. O governo do Rio de Janeiro deve explicações.
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