Raquel Landim

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Opinião

Até general Heleno, 'eminência parda' de Bolsonaro, abandona ex-presidente

Até tu, Heleno?

Como nas tragédias da Antiguidade, o ex-presidente Jair Bolsonaro já tem um "Brutus" para chamar de seu.

Conhecido por ser uma espécie "eminência parda", ou um Golbery do Couto e Silva, de Bolsonaro, o general Augusto Heleno abandonou hoje o capitão à própria sorte.

Ao se referir a uma live realizada no dia 29 de julho de 2021 em que o ex-presidente disseminou mentiras sobre o sistema eletrônico de votação, o advogado Matheus Milanez, que representa o general, afirmou:

Ele [Heleno] ficou sentado, não falou uma palavra, não fez um gesto, não fez absolutamente nada. Quem participou da live falando e atuando em primeiro plano seria o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele ficou quieto.
Matheus Milanez, advogado de Heleno

Nota-se que é um representante legal do mesmo Heleno que, em fevereiro de 2022 durante uma reunião ministerial, afirmava:

"Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições, se tiver que virar a mesa é antes das eleições. Depois das eleições será muito difícil que tenhamos alguma nova perspectiva".

E que foi interrompido por Bolsonaro para que aquilo não "vazasse".

A defesa de Heleno não nega o 8 de Janeiro, nem a tentativa de golpe de Estado. Diz apenas que Heleno não participou de nenhuma organização criminosa e que não sabia de nada.

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Seu advogado esquece dessa reunião ministerial gravada, pergunta qual é o valor de prova de sua famosa agenda que ninguém viu, e argumenta que o próprio Mauro Cid afirmou que as falas de Heleno a favor de uma ruptura institucional e da ditadura eram "por causa da idade".

Já era esperado que os demais réus tentassem salvar sua própria pele.

Talvez com exceção do almirante Garnier dos Santos, praticamente todos foram na mesma linha de não negar a tentativa de golpe, mas apenas tentar se desvencilhar dela.

Geralmente quando as organizações criminosas naufragam, é uma salve-se quem puder.

Só provoca espanto a forma com que o advogado de Heleno, que foi chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo Bolsonaro, tenta transformar o general em um velhinho que nada sabia e nada viu.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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