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Rogério Gentile

Golpista usa dados de 'Silvinho Land Rover', preso na Lava Jato, em Scania

19.jul.2005 - O ex-secretário-geral do PT (Partido dos Trabalhadores), Silvio Pereira - Lula Marques - 19.jul.2005/Folhapress
19.jul.2005 - O ex-secretário-geral do PT (Partido dos Trabalhadores), Silvio Pereira Imagem: Lula Marques - 19.jul.2005/Folhapress

Colunista do UOL

17/09/2020 11h54

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O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira ficou surpreso quando recebeu a notificação da cobrança de um IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) em atraso referente a um caminhão Scania registrado na cidade de Conchas, no interior paulista.

O sociólogo, que ficou nacionalmente conhecido como "Silvinho Land Rover" após a revelação de que ganhara um automóvel de uma empresa contratada pela Petrobras, não era o proprietário do veículo.

Intrigado, começou a investigar e descobriu que havia quatro protestos em seu nome por conta de tributos não pagos, além de estar inscrito seis vezes na dívida ativa do estado. No total, devia R$ 60,9 mil ao Estado.

Em razão dos protestos, diz ter perdido linhas de crédito em instituições financeiras com as quais mantinha relacionamento. "Silvio sente-se lesado e vexado ao ver seu nome lançado indevidamente no rol de maus pagadores decorrente de dívidas de um veículo que nunca possuiu ou sequer viu", afirmou à Justiça seu advogado Rodrigo Borges.

Condenado por corrupção passiva em julho deste ano em razão da Land Rover, Silvinho foi, no caso da Scania, vítima de um golpe.

Juiz isenta ex-petista de pagar imposto gerado por falsário

Um criminoso se utilizou dos seus dados pessoais para comprar o caminhão. "O verdadeiro criador e causador dos danos é o falsário que, indevidamente, colocou o nome de Silvio Pereira na Scania", afirmou o juiz José Tadeu Picolo Zanoni na sentença em que isentou o ex-secretário geral do PT de pagar os tributos.

Não se sabe ainda se o objetivo do golpista foi apenas transferir o imposto e eventuais multas para Silvinho ou se o caminhão está sendo utilizado para algum tipo de crime, como, por exemplo, transporte de mercadoria roubada.

O "disfarce" ajudaria o verdadeiro dono do caminhão a se livrar da polícia no caso de o veículo ser aprendido.

Silvio deixou o PT em 2005, após a descoberta da Land Rover, que custava R$ 74 mil à época. "Cometi um erro, não me esconderei sob o manto da hipocrisia", disse, na ocasião.

Ele foi condenado a quatro anos e cinco meses de prisão em regime semiaberto, mas recorre da decisão. A sua defesa argumenta que, como não era funcionário público, não há como ser processado por corrupção passiva.