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Rogério Gentile

Justiça condena falso médico que atendeu pacientes com covid-19 em SP

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Imagem: PIXABAY

Colunista do UOL

20/01/2021 10h42

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A Justiça de São Paulo condenou o falso médico Sérgio Raimundo de Oliveira Ribeiro, de 54 anos, a quatro anos e um mês de prisão.

Portando uma carteira falsificada, ele trabalhou durante seis meses no Hospital Irmã Dulce, na cidade de Praia Grande (SP), fingindo ser o médico Henry Cantor Bernal. Começou em novembro de 2019 como plantonista no pronto-socorro e depois passou a atuar na ala covid do hospital.

Ribeiro usava uma falsificação grosseira de uma carteira do Conselho Regional de Medicina. Dizia ser neurologista do Hospital Albert Einstein. Contra ele já havia um mandado de prisão por ter trabalho numa faculdade da Bahia, passando-se ser por professor de direito.

O falso médico foi descoberto por um policial federal cuja noiva era médica no hospital. Ela desconfiou por conta da péssima conduta e da falta de conhecimento de Ribeiro. Após contato com o verdadeiro doutor Henry, o policial efetuou a prisão. Diversos erros crassos teriam sido cometidos, de acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público.

Em seu depoimento, a médica Marina Biazi, noiva do policial federal, disse que começou a perceber que os pacientes covid tratados por Ribeiro chegavam no setor de emergência "totalmente descompensados e em estado muito grave".

Disse que o falso médico ficava muito nervoso quando ela fazia perguntas sobre a sua conduta médica. Sem argumentos, contou, Ribeiro passava a lhe fazer ataques pessoais. "Não havia cabimento em muitas das prescrições que ele fazia", afirmou Mariana. Tal situação, afirmou, se repetiu por muitos dias.

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Além dos quatro anos e um mês de prisão por uso de documento público falso em regime fechado, o falso médico foi condenado a uma segunda pena de dois anos e 23 dias de detenção, em regime semiaberto, por exercício ilegal da medicina.

Ribeiro já recorreu da decisão. Ele admitiu à Justiça ter trabalhado ilegalmente como médico, mas pede que a pena seja atenuada considerando que ele confessou o crime.

Afirma também que nunca fez uso da carteira falsa de medicina e diz não haver provas no processo de que seja o responsável pela elaboração do documento.