Justiça de SP manda perícia avaliar se deputado tocou em seio de colega
A Justiça paulista determinou ao Instituto de Criminalística que realize uma perícia nas gravações audiovisuais a fim de verificar se o então deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) tocou ou não no seio da colega Isa Penna (PSOL) durante uma sessão no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo.
O episódio ocorreu em dezembro de 2020. Nas imagens da sessão, transmitida pela Casa, Cury se aproxima por trás de Isa Penna, coloca e mantém as mãos na lateral do corpo dela.
A então deputada estadual procurou o Ministério Público, acusando Cury de assédio. Disse que ele a havia surpreendido "com uma apalpada na lateral do seu seio direito". Três meses depois, ele foi denunciado formalmente por importunação sexual.
"Sem que a deputada pudesse perceber ou oferecer qualquer tipo de resistência, o deputado se aproximou e, de forma acintosa, praticou atos de importunação sexual com o objetivo de satisfazer a sua lascívia", afirmou na denúncia o procurador geral de Justiça, Mario Luiz Sarrubbo.
O crime de importunação sexual tem pena de um a cinco anos de prisão.
Cury, que não conseguiu se reeleger no ano passado ao concorrer pelo partido União Brasil, disse à Justiça não ter agido com má-fé. "Não houve intenção de assediá-la sexualmente, não houve intenção libidinosa", declarou.
Ele disse no processo que "nunca houve apalpação de partes íntimas, nunca houve apalpação dos seios, nunca houve encoxada".
Em manifestação enviada à Justiça, os advogados de Isa Penna, hoje suplente de deputada federal pelo PCdoB, afirmaram que a realização da perícia é "irrelevante e impertinente" e que o objetivo da defesa de Cury é apenas o de postergar o trâmite da ação penal.
"Houve uma série de atos que, aliados, representam a prática do delito descrito: a aproximação por trás, com a mão na altura do seio, o deslize pelas costas e o contato entre as cabeças, tudo sem o consentimento da deputada."
A juíza Danielle Galhano Pereira da Silva manteve a realização da perícia, solicitando-a no último dia 4 de setembro ao Instituto de Criminalística, órgão da polícia científica de São Paulo.
Não há prazo para a sua finalização.
Em nota divulgada à imprensa em julho, Isa disse que a cultura do estupro tem de acabar. "Levarei esse caso até o fim por todas as que já foram vítimas de qualquer importunação sexual e para mostrar aos agressores que nós vamos reagir de todas as formas que estiverem ao nosso alcance."
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