Jovem Pan é condenada a indenizar o pastor Valdemiro por 'feijão milagroso'
A Jovem Pan foi condenada pela Justiça paulista a pagar uma indenização de R$ 20 mil ao apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus.
Em fevereiro deste ano, de acordo com o processo aberto por Valdemiro, comentaristas do programa Morning Show "espalharam fake news para manchar sua imagem com acusações infundadas".
Durante o programa, os comentaristas disseram que o pastor não tinha a "mínima credibilidade", afirmando que vendia feijão milagroso para a cura da covid.
"Ele está sempre envolvido nesses escândalos, né? Essa é a grande verdade", afirmou o jornalista Felipe Campos no programa.
Na sequência, a convidada Eliane Bast completou: "o caso pra mim mais absurdo foi exatamente esse que você citou, vender feijão milagroso para as pessoas em meio a uma pandemia, todo mundo desesperado, no meio da covid, as pessoas perdendo familiares, as pessoas morrendo, isso aí é abusar muito da inocência das pessoas, do comércio da fé".
Valdemiro disse à Justiça "que jamais vendeu feijão e que jamais prometeu que qualquer feijão seria a cura para o coronavírus". Citou também que nunca foi indiciado ou denunciado sobre os fatos citados pelos comentaristas.
As declarações dos jornalistas foram feitas após a divulgação de um vídeo na internet no qual o apóstolo aparecia supostamente anunciando sementes de feijão que tinham a capacidade de curar vítimas da covid-19.
Um inquérito policial, no entanto, concluiu que o vídeo havia sido adulterado. Ao arquivar o caso, o Ministério Público ressaltou não ter conhecimento de qualquer pessoa que, induzida a erro, tenha efetuado a compra da semente de feijão.
Ao condenar a emissora, a juíza Adriana Cardoso dos Reis disse que a Jovem Pan ofendeu a imagem de Valdemiro ao vinculá-lo à prática de estelionato, "sendo que na época o inquérito policial para investigar o suposto golpe já tinha sido arquivado".
A emissora ainda pode recorrer.
Na defesa apresentada à Justiça, a Jovem Pan disse que Valdemiro "é um grande ministro religioso" e afirmou que os jornalistas não fizeram qualquer acusação grave nem induziram o público a acreditar que ele tenha praticado qualquer crime.
Declarou que os comentaristas citados são jornalistas respeitados e que apenas exerceram o direito de crítica. Afirmou que o assunto (a alegada venda dos feijões mágicos) havia sido amplamente divulgado pela mídia e que houve, inclusive, uma investigação oficial.
A Jovem Pan disse ainda não possuir ingerência sobre os comentários proferidos pelos seus jornalistas e que as declarações foram feitas em uma transmissão ao vivo.
Ressaltou que, ao final dos seus programas, sempre exibe um comunicado com os seguintes dizeres: "A opinião dos nossos comentaristas não reflete, necessariamente, a opinião do Grupo Jovem Pan de Comunicação".
A indenização de R$ 20 mil, de acordo com a sentença, deve ser acrescida de juros e correção monetária.
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