Justiça condena Urach a pagar R$ 15 mil por transfobia contra modelo
A Justiça paulista condenou Andressa Urach em segunda instância a pagar uma indenização de R$ 15 mil à modelo transexual Viviany Beleboni, que ficou famosa em 2015 por representar Jesus Cristo em uma encenação durante a Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo.
Em 2020, Urach, que à época frequentava a Igreja Universal, disse nas redes sociais que "o mundo tem afrontado Deus" e exibiu a imagem de Viviany ao lado de outras "afrontas" (nas palavras dela), como a cena de um desfile de escola de samba na qual Jesus e Satanás se enfrentavam e um cartaz de um especial do programa Porta dos Fundos intitulado "A Primeira Tentação de Cristo".
"Você achou que essa conta não chegaria ao Brasil?!", afirmou, em referência à pandemia do coronavírus. "O mundo tem estado muito mais podre que antes do dilúvio (...) Que Deus tenha misericórdia de nós."
Viviany disse à Justiça que foi ofendida por Urach, que os comentários eram discriminatórios e cobrou uma indenização de R$ 104,5 mil.
Urach se defendeu no processo, afirmando que não agiu com preconceito e que seu argumento foi totalmente religioso.
Segundo ela, Viviany havia violado um símbolo e objeto religioso ao se colocar no papel de Cristo crucificado. "Jesus Cristo crucificado é o símbolo máximo dos cristãos", afirmou Urach no processo. "[Viviany] ofendeu o ápice da sacralidade dos cristãos."
Em setembro do ano passado, Urach foi condenada em primeira instância.
O juiz Fabio Pimenta disse na decisão que a mensagem estava carregada de preconceito. "Ainda que não gostasse das representações artísticas, direito que ela tem, não podia agir de forma ofensiva contra uma parcela da população que não deve ser recriminada e ridicularizada, exposta falsamente como causadora dos males e de uma tragédia que vitimou milhares de brasileiros, tão somente por força de sua orientação sexual ou de gênero", declarou na sentença.
Urach recorreu, mas também foi condenada em segunda instância, ainda que tenha conseguido reduzir o valor da indenização de R$ 30 mil para R$ 15 mil.
O desembargador Miguel Brandi disse que o valor é suficiente para cumprir com seu "aspecto pedagógico".
Urach disse à Justiça que não pretende mais recorrer.
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