Band é condenada a pagar R$ 100 mil após Neto chamar Sampaoli de racista
A Rede Bandeirantes foi condenada em segunda instância pela Justiça de São Paulo a pagar uma indenização de R$ 100 mil ao treinador argentino Jorge Sampaoli, ex-técnico do Santos e do Flamengo.
Em 2023, Neto, o ex-jogador e hoje apresentador de TV, disse no programa "Baita Amigos" que o treinador, em 2019, havia tratado mal um funcionário do Santos (Sebastião Martins de Oliveira Júnior, o Arzur) pelo fato de ele ser negro.
"Esse cara é nojento", afirmou Neto sobre o treinador. "Vocês dão moral para um cara como esse, que muitas vezes tratou as pessoas de uma maneira tão racista, de uma maneira tão hipócrita."
Na ação, Sampaoli afirmou que Neto e a Band são frequentemente processados por inúmeras pessoas pelas ofensas proferidas pelo ex-jogador "com aval" da emissora.
"Foram cerca de dez minutos ofendendo o autor, sem direito de qualquer resposta e sem qualquer justificativa plausível", declarou à Justiça.
Neto também foi alvo do processo aberto por Sampaoli, mas, como houve um acordo entre eles na esfera criminal, o processo de indenização civil foi declarado extinto pelos desembargadores em relação ao ex-jogador.
Com o acordo, Neto pediu desculpas ao treinador e se comprometeu a fornecer materiais esportivas para um projeto social.
Na defesa apresentada à Justiça, a Band disse que Neto apenas reproduziu informações recebidas e de interesse nacional no combate ao racismo, sem cometer qualquer ilegalidade.
Disse que as informações sobre o comportamento do treinador foram passadas a Neto pelas vítimas. "Onde está a ilegalidade do réu em noticiar e comentar tal fato?", perguntou a emissora na ação.
"Apesar de suas opiniões às vezes polêmicas e enfáticas, Neto sempre teve o compromisso com a verdade, a informação e a crítica fundamentada", declarou a emissora no processo
O Tribunal de Justiça não aceitou a argumentação em relação ao mérito, mas reduziu a indenização determinada em primeira instância de R$ 500 mil para R$ 100 mil.
O desembargador Emerson Sumariva Júnior, relator do processo, mencionou na decisão que Arzur, o funcionário do Santos citado por Neto o programa, disse em audiência que sempre foi muito bem tratado por Sampaoli e que nunca sofreu um ato de racismo por parte dele.
"Ficou evidenciado que não houve a realização de um bom jornalismo", declarou o desembargador na decisão.
A Band ainda pode apresentar novo recurso.
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