Sergio Moro estuda fazer pronunciamento no Senado após decisão do TRE-PR
O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) pretende fazer um pronunciamento da tribuna do Senado após a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná sobre a cassação ou não seu mandato.
O julgamento deverá ser retomado hoje. Foi paralisado na quarta-feira, 3, após o pedido de vista da desembargadora Claudia Cristina Cristofani. O placar estava empatado em 1 a 1 com os votos do relator, a favor de Moro, e do revisor do processo, contrário.
Moro é acusado pelo PL e pelo PT de ter-se beneficiado eleitoralmente ao realizar uma pré-campanha a presidente da República e, depois, sair candidato ao Senado.
Segundo os dois partidos, ele gastou mais que os demais candidatos ao Senado, o que provocou um desequilíbrio na disputa decisivo na sua vitória.
Se a eventual cassação for confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Moro ficará inelegível por oito anos e novas eleições serão convocadas no Paraná para preencher a vaga do senador.
O ex-juiz disse a colegas do Senado que pensa em fazer o pronunciamento para minorar os problemas em sua imagem pública provocados pelas revelações de irregularidades em sua atuação à frente da Operação Lava Jato e como político.
Ele ouviu a primeira sugestão do pronunciamento do próprio ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante um encontro que mantiveram na segunda-feira, 2.
O encontro, revelado pela colunista do UOL Mônica Bergamo, foi pedido por Sérgio Moro. Resultou em uma conversa civilizada, mas com críticas duras do ministro.
Na conversa, Moro refutou algumas revelações da Vaza Jato que resultaram na decisão do STF que o considerou suspeito no comando da Lava jato.
Gilmar Mendes disse-lhe então que, como senador, o ex-juíz "tem a melhor tribuna para se explicar e se separar dos mal feitos" revelados. Sobretudo, quanto à sua relação com o procurador Deltan Dallagnol.
Ou seja, para Gilmar, Moro deve usar a tribuna do Senado. O ex-juiz não respondeu se faria ou não tal pronunciamento.
Mas depois, em conversas com colegas, ouviu que essa seria uma boa forma de preparar um ambiente favorável para quando seu caso for julgado nos tribunais superiores. Isso o convenceu.
Tanto a sua defesa quanto os advogados dos partidos que o acusam de abuso de poder econômico na campanha eleitoral devem recorrer ao TSE ou mesmo ao STF, caso sejam derrotados nas instâncias inferiores.
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Quero receberMoro sabe que os ministros desses tribunais não andam com uma visão muito favorável a seu respeito.
Além do processo no TRE, o ex-juiz também responde a ações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O corregedor do órgão, Luís Felipe Salomão, deve pedir a instauração de um processo criminal contra o senador. Tomou como base a inspeção nas instâncias responsáveis pelas ações da Lava-Jato: a 13ª Vara Federal de Curitiba e a 8ª Turma do TRE da 4ª Região.
Salomão concluiu a inspeção e liberou o caso para votação pelo plenário do CNJ assim que o presidente do órgão, ministro Luís Roberto Barroso, pautar.
A Polícia Federal vem colaborando com o CNJ na apuração de supostos crimes cometidos na gestão dos recursos.
Já em agosto do ano passado, um relatório parcial apontou que houve uma "gestão caótica" no controle dos recursos provenientes dos acordos de delação premiada e leniência firmados com o Ministério Público e homologados por Moro.
Com a instauração de uma investigação, Moro deverá ser julgado criminalmente pelo STF, já que tem foro privilegiado como senador.
Na conversa com Gilmar, o ex-juiz negou que tenha cometido qualquer crime que justifique uma investida como a que Luís Felipe Salomão tem dado a entender que fará.
Gilmar, então, disparou: "Você e Dallagnol roubavam galinha juntos. Não diga que não, Sergio."
Gilmar afirmou: "Tudo o que a Vaza Jato revelou, eu já sabia que você e Dallagnol faziam. Vocês combinavam o que estaria nas peças. Não venha dizer que não", continuou Gilmar.
"Você faltou a muitas aulas, Sergio. Curitiba não te ajudou em nada. Aproveite que está no Senado e estude um pouco. A biblioteca do Senado é ótima, você deveria frequentar", finalizou Gilmar.
Pois é. Quem sabe o senador e ex-juiz não acabe utilizando a biblioteca do Senado na preparação de seu discurso.
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