Apagão de São Paulo virou tema de guerra na eleição municipal
As equipes de campanha de Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) pela Prefeitura de São Paulo deram a largada numa verdadeira corrida de versões sobre o apagão de energia em São Paulo.
Tanto os aliados de Boulos como os de Nunes têm certeza de que o apagão irá protagonizar a campanha eleitoral nos próximos dias.
A avaliação é de que a falta de luz e água provocada pelas tempestades que caíram sobre a capital do estado, assim como as vítimas, têm potencial para influenciar no resultado do segundo turno da eleição.
A equipe de Boulos pretende utilizar ao máximo imagem de quedas de árvores e dos transtornos causados pelo apagão para convencer os eleitores de que o prefeito Ricardo Nunes gastou dinheiro em obras cosméticas e eleitoreiras.
Nesta manhã já até postou nas suas redes socais: "Cadê o prefeito?"
A ideia será mostrar que, "por incompetência" da Prefeitura, São Paulo sofreu com as chuvas quase tanto quanto o que foi provocado no estado da Flórida (EUA) pelo furacão Milton.
A privatização da área de energia do estado —iniciada em 1998 e defendida pelos sucessivos governadores desde então—também será responsabilizada pelo apagão.
Os aliados de Boulos pretendem mostrar que cabe a um órgão federal a fiscalização sobre a atual concessionária do serviço, a Enel. Mas que a diretoria da Aneel foi nomeada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um aliado de Nunes.
Boulos aproveitará para sublinhar o apoio do então ministro da Infraestrutura, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, às privatizações. Irá criticar inclusive a venda, em julho último, da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) pelo governador Tarcísio.
O governador é hoje o principal padrinho da candidatura de Nunes. Ele nega ter tido qualquer interferência na escolha de diretores da Aneel durante o governo Bolsonaro. Tarcísio defende que a privatização da Sabesp não resultará nos erros cometidos pela Enel.
Já Ricardo Nunes insistirá que a Prefeitura nada tem a ver com o fato de o governo ter entregado à Enel a concessão dos serviços de eletricidade. Ele responsabiliza a Enel pelo caos em São Paulo e afirma que está cobrando providências da Aneel e do Ministério das Minas e Energia.
Ele postou em suas redes sociais reportagem da Folha de S.Paulo em que classifica a Enel como "inimiga de São Paulo".
O prefeito também classifica como oportunistas e eleitoreiras as críticas de Boulos. Ele não pretende, fugir da briga nem mesmo com o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e com o governo federal, se for provocado.
Mas a equipe do prefeito quer, antes, ver qual o tratamento que Boulos dará ao apagão no horário eleitoral gratuito. Os advogados da campanha, inclusive, estão preparados para reivindicar direito de resposta se os programas de Boulos derem informações incorretas sobre a atribuição da Prefeitura na área de distribuição de energia.
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